O Rio Itajaí-Açu está sujeito a virar um cemitério de embarcações em desuso devido à falta de controle. Ontem, um morador da cidade flagrou parte de um navio gaseiro abandonado afundar e, até a tarde, as autoridades responsáveis pela fiscalização não sabiam nada sobre o ocorrido.

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Doutor em recursos naturais e especialista em recursos hídricos, Paulo Schwingel diz que infelizmente o abandono de barcos no leito do rio é uma prática comum. Seja por imbróglios jurídicos ou motivos financeiros empresas acabam abandonando as embarcações no canal, assim como algumas pessoas fazem com carros velhos nas ruas. O problema é que neste caso há dois agravantes:

_Temos várias embarcações abandonadas no Itajaí-Açu e elas acabam se deteriorando e vão a pique. Isso pode poluir o rio _ adverte o especialista, incluindo que esses restos de barcos podem prejudicar a navegação. O barco em questão teria sido fabricado pela Metalnave. O Sol Diário não conseguiu contato com representantes da empresa para saber há quanto tempo a embarcação estava abandonada.

No Facebook do jornalista Hélio Floriano, que compartilhou a foto logo cedo, comentários davam conta de que isto não é uma novidade.

O barco estava afundando na região do Bairro Salseiros, mas segundo o próprio jornalista, há pelo menos outras duas embarcações abandonadas no rio na altura do Bairro Imaruí.

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Jogo de empurra

Enquanto a embarcação afundava ontem, autoridades de meio ambiente e Capitania dos Portos de Itajaí não se entendiam a respeito da responsabilidade sobre a fiscalização. Segundo o coordenador regional da Fundação de Meio Ambiente (Fatma) em Itajaí, Jairo Serapião, como o Itajaí-Açu é um rio navegável, o papel de fiscalizar o abandono é dever da Marinha. Posteriormente, existindo indícios de contaminação da água a Capitania acionaria a fundação.

O subcomandante da Capitania dos Portos, Eduardo Rodrigues, explicou que, em caso de naufrágio, a delegacia emite alertas para que os barcos que trafegam pelo rio tenham atenção redobrada, com a finalidade de evitar acidentes quando a carcaça do navio não estiver mais visível. Mas a responsabilidade de tirar a embarcação do rio é do proprietário, que pode ser multado e sofrer até um inquérito caso a carcaça cause algum acidente. Segundo Rodrigues, a fiscalização exige denúncias e até ontem o caso não havia sido informado à Capitania.

A Fundação de Meio Ambiente de Itajaí (Famai) informou que a responsabilidade sobre a fiscalização de contaminação deveria ser do Ibama ou da Fatma. O Ibama, por sua vez, esclareceu que a Lei Complementar 140, de dezembro de 2011, esclarece que compete ao Ibama fiscalizações de rios em fronteiras, divisas com outros estados, em áreas indígenas, ou áreas militares.