Um dos principais pontos turísticos da Serra de Santa Catarina foi explorado de uma maneira inusitada na última semana. A Pedra Furada, nos limites do Parque Nacional de São Joaquim, em Urubici, que pode ser vista do mirante do Morro da Igreja, ou acessada via trilha (somente com guias credenciados), foi atravessada a 200 km/h pelo paraquedista Gabriel Lott em um voo de wingsuit, o traje de morcego.
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O desafio, que foi feito pela primeira vez na América do Sul, foi também uma homenagem para Lucas Zorzi e Fernando Brito, companheiros de wingsuit que faleceram nos últimos anos, e que tiveram relação com a inédita realização.
— A ideia de fazer este salto na Pedra Furada é de longa data. Mais ou menos em 2016, eu e o Fernando vimos uma foto da pedra, descobriu que era no Brasil, porque nem parecia, e começamos a achar que dava. Em 2020, quando estive aqui a convite do Lucas Zorzi, a gente teve a chance de vir até a pedra. Vi a pedra pessoalmente, porque é diferente de ver em vídeo e foto, e vimos que dava para fazer — falou Gabriel Lott.
Além da equipe toda de suporte em terra e no ar, mais de 20 pessoas, Lott contou com a ajuda de Flávio Jordão, também paraquedista e atleta de wingsuit, que foi o responsável por gravar o salto do alto, acompanhando também em voo com o traje.
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— O salto é bem técnico, poucas pessoas no Brasil conseguiriam. Aqui, confio muito no Gabriel e no Lucas, que já nos deixou, para esse voo, porque é uma responsabilidade muito grande por conta do risco. E a parte técnica do próprio voo — comentou Flávio.
— Estamos de alguma forma realizando esse sonho pelo Lucas. Sei que ele vai estar ali. Fiz a trilha da Pedra Furada e senti a presença dele. Pra gente, é incrível fazer essa homenagem para o nosso irmão que se foi — disse.
Entre as liberações necessárias para a realização do salto e a passagem pela pedra, Gabriel e Flávio precisaram de diversas liberações, como do espaço aéreo e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
— Tivemos que pedir autorização para a Aeronáutica 45 dias úteis antes, sem saber se a gente conseguiria. Temos uma grande equipe por trás de tudo. Tivemos apoio do ICMBio e da prefeitura de Urubici — disse Flávio.
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E depois de diversas liberações e autorizações, a teoria entra em cena. Como a Pedra Furada tem aproximadamente seis metros de largura, 13 de altura e 20 de comprimento, são necessários diversos cálculos para a realização do salto e da travessia.
— Quando a gente está fazendo uma análise para o salto, a gente leva em conta a segurança, o escape, como abortar um salto desse. Quando estou em voo, é tudo no visual, sem usar aparelhos. Mas antes a gente faz diversos cálculos para saber se é possível. Tem o cálculo da distância ideal do helicóptero, medi a distância da pedra, a distância do pouso, e cada elemento deste é fundamental para eu decidir se vale a pena tentar ou não — comentou Gabriel.
— Muita gente me pergunta porque fazer isso, mas eu pergunto porque não. Eu poderia ficar em casa, relaxado, mas, pra mim, a felicidade ela vem quando eu venço desafios e quando faço coisas que as pessoas acham impossíveis — disse.
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