O presidente americano, Barack Obama, defendeu neste sábado no Quênia a igualdade de direitos para os homossexuais no continente africano e comparou a homofobia com a discriminação racial que ele mesmo sofreu nos Estados Unidos.

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– Fui coerente em toda a África sobre este tema. Quando começam a tratar as pessoas de forma diferente, porque são diferentes, este é o caminho onde a liberdade começa a se erodir. E acontecem coisas ruins. Como americano de origem africana, sou dolorosamente consciente do que acontece quando as pessoas são tratadas de forma diferente perante a lei – disse Obama durante uma coletiva de imprensa conjunta com seu colega queniano Uhuru Kenyatta.

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Uhuru Kenyatta, cujo vice-presidente, William Ruto, fez declarações homofóbicas, respondeu que “é preciso admitir que em alguns temas não compartilhamos as mesmas opiniões”.

– É muito difícil para nós impor à população algo que ela mesma não aceita. É por isso que digo que hoje, para os quenianos, o tema dos direitos dos homossexuais não é um tema levantado – afirmou.

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Os dois dirigentes fizeram estas declarações após um encontro bilateral no qual se referiram a várias crises na região. Obama denunciou a eleição presidencial no Burundi, que concedeu um controverso terceiro mandato ao presidente Pierre Nkurunziza, e pediu o fim da guerra civil sul-sudanesa, que em 19 meses deixou milhares de mortos.

Também prometeu uma maior cooperação com o Quênia na luta contra os islamitas somalis shebab.

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– Reduzimos sistematicamente o território que os shebab controlam. Fomos capazes de diminuir seu controle dentro da Somália e enfraquecemos estas redes que operam aqui, no leste da África. Isso não significa que o problema tenha sido resolvido – declarou.

A luta contra o terrorismo é uma prioridade na agenda da visita oficial de Obama, a primeira no país onde seu pai nasceu desde que se tornou presidente, em 2009, e a primeira de um presidente americano em exercício.

A principal ameaça é a do grupo jihadista shebab, filiado à Al-Qaeda, responsável no Quênia pelo tiroteio no centro comercial Westgate de Nairóbi em 2013, que deixou 67 mortos, e pelo massacre na Universidade de Garisa em abril que vitimou 148 pessoas.

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Os Estados Unidos são um importante sócio do Quênia em matéria de segurança. As tropas quenianas participam da missão da União Africana na Somália (Amisom), onde os drones americanos realizam bombardeios regularmente.

Antes de sua reunião com Kenyatta, Obama visitou o memorial que homenageia às vítimas do atentado da Al-Qaeda contra a embaixada americana em Nairóbi de 1998, no qual 224 pessoas morreram.

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Pela manhã, ao inaugurar junto a Kenyatta um fórum econômico em Nairóbi, Obama fez um discurso cheio de otimismo sobre uma “África em movimento”, onde as pessoas “saem da pobreza, a renda aumenta e a classe media cresce”.

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Mas durante a tarde mostrou-se mais crítico e condenou a corrupção no país, o “maior obstáculo para um crescimento rápido do Quênia”. O país vivia, no entanto, uma espécie de “Obamamania” e a visita do presidente estava na primeira página de vários jornais neste sábado.

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“Estou orgulhoso de ser o primeiro presidente americano que visita o Quênia”, tuitou o presidente em sua conta oficial horas após sua chegada.

– O que posso garantir é que retornarei. Mas da próxima vez que vier não estarei de terno – disse em meio a risadas.

A visita do presidente Obama, nascido no Havaí de uma mãe americana e um pai queniano, havia sido dificultada até agora pela acusação do presidente Kenyatta pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por seu suposto envolvimento na violência pós-eleitoral no fim de 2007. As investigações foram abandonadas em dezembro por falta de provas.

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No domingo Obama planeja se reunir com membros da sociedade civil, que lamentam as crescentes restrições às liberdades no país.

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* AFP