A presidente Dilma Rousseff (PT) silenciou sobre a duplicação da BR-280 a principal reivindicação do Norte catarinense ao governo federal – em sua passagem por São Francisco do Sul, quarta-feira.

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Ainda sem licença ambiental de instalação para a obra, Dilma apenas limitou-se a mencionar, com ajuda do governador Raimundo Colombo, em rápida entrevista, que todas as BRs do Estado, “a 282, a 101, a 470 e a 280”, terão um investimento “muito efetivo” por parte do governo federal, mas sem novas promessas ou previsões.

Durante seu discurso, houve a expectativa -que não se confirmou – de que fosse anunciado algo quando a presidente tocou na questão da infraestrutura para escoamento do agronegócio.

A festa de 69 prefeitos com a entrega de 59 motoniveladoras e de dez caminhões-caçamba e a importância da inauguração do berço 201 do Porto de São Francisco do Sul soterraram, por fim, qualquer sinal de frustração ou clima para novas cobranças.

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Reações divididas

Políticos e empresários da região tiveram reações divididas. O presidente da Acij, Mario Cezar Aguiar, admitiu certa frustração. Segundo ele, não é possível tratar de expansão do Porto sem falar da BR-280 e, inclusive, do contorno ferroviário.

– Boa parte do empresariado esperava um anúncio. É uma questão de respeito, de segurança e de competividade à região – afirmou.

O prefeito de São Francisco do Sul, Luiz Zera, e o prefeito de Joinville, Udo Döhler, tiveram posições diferentes. No discurso de abertura da cerimônia, Zera não tocou no assunto. Em nota à tarde, porém, disse já havia se antecipado sobre a questão.

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– Tenho consciência da importância do tema e entreguei à presidente as nossas solicitações – afirmou Zera, que diz esperar um “retorno positivo”.

Udo disse que o foco tanto no evento como nas conversas do almoço, em que se sentou na mesma mesa em que a presidente, foi o porto e a navegação na Babitonga. Para ele, a maior movimentação de cargas vai impactar em outros modais, acelerando a duplicação da rodovia.

O prefeito de Araquari, João Pedro Woitexem, também se disse frustrado sobre a BR-280, mas afirmou que em conversa rápida com a presidente e com a ministra Ideli Salvatti, soube que Dilma quer voltar a SC para o lançamento da pedra fundamental da BMW e que tem esperança que até lá a licença para a duplicação saia.

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Novo momento para o Porto

A inauguração do berço 201 do Porto de São Francisco do Sul – um novo espaço para carga e descarga de navios – foi motivo para Dilma homenagear funcionários portuários, posar para fotos com alguns deles no local da obra e fazer menção ao prático Carlos Roberto de Oliveira, pai do prefeito de São Francisco do Sul, Luiz Zera.

Para a presidente, a agenda em São Francisco do Sul era uma das melhores que ela cumpria no País porque se tratava de investimento em infraestrutura.

O novo berço foi ampliado de 150 para 280 metros, aumentando a capacidade de movimentação do porto em cerca de 30%, permitindo a operação de navios de mais de 300 metros de comprimento. A obra foi feita com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), sendo R$ 30 milhões do Governo Federal e R$ 5 milhões do próprio porto.

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Ao mencionar os gargalos enfrentados por outros portos, como o de Santos, vistos principalmente na safra de soja deste ano, Dilma também elogiou o Porto de São Francisco do Sul por conseguir movimentar navios em um mesmo dia, sem dias esperas, e afirmou que a eficiência do terminal deve servir de exemplo para os demais porto do País. Segundo ela, a Lei Geral dos Portos, que beneficia também portos privados com o de Itapoá, foi um avanço que está permitindo o Brasil avançar nesta área.

O governador Raimundo Colombo também não se cansou de elogiar o porto. Fez questão de destacar a Dilma que o terminal é o sétimo do País em movimentação e o segundo em movimentação de carga geral.

Prefeitos em festa

Prefeitos de municípios com menos de 50 mil habitantes de todo o Norte e do Vale do Itajaí viveram um momento especial ao lado de Dilma, em especial os da região Norte, como o anfitrião Luiz Zera, o de Araquari, João Pedro Woitexem, o de Barra Velha, Claudemir Mathias, além de Garuva, Itapoá e Barra do Sul. Eles tiveram oportunidade, um a um, de trocar algumas palavras, abraçar, beijar e tirar foto oficial com a presidente no palco do evento.

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O motivo foi a entrega de 50 motoniveladoras (patrolas) e dez caminhões-caçamba a 69 prefeituras. A ação também faz parte do PAC 2, por meio de um investimento de R$ 269 milhões, e visa equipar 269 municípios catarinenses. Além disso, o governo também fornece treinamento a operadores das máquinas e manutenção de acordo com o uso. O objetivo, segundo Dilma e o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, é levar desenvolvimento às regiões rurais do País.

– Isto beneficia não só o escoamento da produção agrícola, mas o deslocamento do transporte escolar e do Samu nestes pequenos municípios – afirmou Dilma, lembrando que a ação vai além dos cuidados com infraestrutura e melhora a vida de uma forma geral nas pequenas cidades.

A entrega das chaves do maquinário foi feita uma por uma a cada prefeito. Muitos deles já vieram a São Francisco do Sul preparados para levar o equipamento para suas cidades. Cada máquina é avaliada em R$ 1 milhão e foi recebida com gritos de comemoração e braços erguidos por alguns prefeitos. Para críticos, o ato de entrega das chaves diretamente aos prefeitos também tem forte caráter eleitoral.

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