A grave crise financeira por que passa Porto Alegre e as possíveis consequências da falta de recursos para as atividades culturais da cidade foram os principais temas debatidos por Roberto Freire, ministro da Cultura, em seu fim de semana na cidade. Em sua primeira visita à capital gaúcha depois de ser empossado ministro, em novembro do ano passado, após a agitada passagem de Marcelo Calero pela pasta, Freire cumpriu dois dias de agenda na cidade — tempo suficiente para se encontrar com o prefeito Nelson Marchezan Júnior e com o secretário da Cultura Luciano Alabarse, além de se pôr a par da situação de espaços importantes, como Iberê Camargo, Capitólio, Santander Cultural e Instituto Ling.

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Entrevista com Roberto Freire, Ministro da Cultura

— O momento de dificuldade que vive Porto Alegre é também um momento propício para se buscar ajuda. Afinal, a cultura tem o importante papel de gerar sensação de pertencimento, fazer a cidade se comunicar entre ela e gerar empregos — avalia o prefeito. — A recuperação desse patrimônio depende totalmente da iniciativa privada, e isso as pessoas aprenderam pela dor. Nós sempre trabalhamos com a realidade, e a realidade que as pessoas ainda não perceberam, como um sapo que vai sendo cozido na água quente, é a situação falimentar da cidade. Não dá para se ter grandes expectativas do governo ou do ministério.

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O ministro Roberto Freire diz ter ouvido com atenção às solicitações gaúchas e porto-alegrenses e se colocou à disposição para ajudar “com parcos recursos, mas com muita boa vontade”. De acordo com Freire, a atualização da Lei Rouanet, que será oficializada nesta terça-feira, pode dar impulso para que as parcerias com o setor privado sejam aumentadas:

— Se as mudanças fossem buscadas via Legislativo abririam um grande debate, o que poderia nos fazer perder tempo. E era necessário tê-lo, para poder parar esse processo de crítica generalizada sobre a lei. Escolhemos o caminho da mudança via instrução normativa, que vamos lançar na terça e que visa à desconcentração, a estipular limites de possibilidade de captação, a fortalecer controle e fiscalização e, inclusive, à prestação de contas dos projetos em tempo real.

Se a atual situação de nervos de Brasília pode parecer um impeditivo para a discussão política mais aprofundada, o ministro avalia que o momento é de buscar soluções — principalmente no setor cultural, considerado por Freire “um ambiente democrático, de paz e de tolerância”:

— A cultura tem que ter essa preocupação, porque vai nos ajudar a superar a crise, seja no sentido maior da tolerância política, seja na economia direta.

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