Em visita a Blumenau para lançamento do seu primeiro livro, o jornalista e cronista Marcello Canellas contou sobre a obra Províncias – Crônicas da Alma Interiorana e a nova fase da carreira.

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O olhar tímido e as palavras ditas com um resquício de sotaque gaúcho cativam qualquer pessoa que converse com Marcelo Canellas. Ele é o tipo de homem que tem histórias para contar. E faz isso com uma dose extra de detalhes. Mesmo com a pressão da família para estudar Agronomia, optou pelo Jornalismo. A notícia do novo calouro da Universidade de Santa Maria chegou pelo rádio, quando os pais ouviam atentos às notícias, mesmo sem saber que o nome do filho seria pronunciado pelo locutor. Era o listão do vestibular. A mãe escutou e caiu no choro. Por tristeza. Canellas lembra que ninguém desejava que os filhos fossem jornalistas na época.

O jovem começou a carreira no jornal A Razão de Santa Maria, cobrindo férias de um repórter da editoria de Polícia. Logo ficou desempregado e agarrou a única vaga que havia na cidade: a de repórter de televisão. Jamais havia pensado em trabalhar na frente das câmeras. O recém-formado passou no teste e ficou durante seis meses como repórter. A partir daí, o mundo de Canellas ficou maior. Foi convidado para trabalhar na afiliada da Rede Globo em Ribeirão Preto.

Aos 23 anos foi contratado pela Rede Globo do Rio de Janeiro. Hoje, aos 48 anos, trabalha no Núcleo de Reportagens Especiais do Fantástico e mora em Brasília. Ele é conhecido por fazer jornalismo literário nas matérias para televisão. Canellas gosta de emprestar da literatura os recursos que a Língua Portuguesa oferece.

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– Como tenho de zelar pela objetividade, tenho que usar as ferramentas da língua com parcimônia – explica o jornalista.

Na televisão, está produzindo matérias de fim de ano para o Fantástico. Sobre o futuro do jornalismo, acredita que o desafio maior é dar valor à vocação humanista da profissão. Para ele, é preciso se comunicar com o coração:

– Não se faz jornalismo de qualidade trancado na redação. A notícia está na rua e o jornalista deve sujar os sapatos, comendo poeira.

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Canellas passou recentemente por Blumenau para lançar seu primeiro livro: Províncias – Crônicas da Alma Interiorana.

É lá, no interior, que ele busca inspiração para se perder com as palavras e construir um texto que convida o leitor a ler a obra até o final.

– Escrever crônicas foi uma descoberta fascinante. As primeiras eu escrevi com muita dificuldade. Depois percebi que o grande barato da crônica são coisas banais, ordinárias, que pela mão do cronista ganham um sentido universal.

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O jornalista e cronista agora aguarda a resposta dos leitores para arriscar novos projetos. Já recebeu as primeiras impressões e gostou do resultado:

– Há muita gente se identificando com minha alma interiorana.

Conhecendo Marcelo Canellas:

– Um livro de cabeceira: Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar

– Filme que gosta de rever: A Doce Vida, de Federico Fellini

– Frase para lembrar: Nada do que é humano me é estranho, de Terêncio (dramaturgo romano)

– Um destino de viagem: Alter do Chão, no Pará, às margens do rio Tapajós. A mais bela praia de água doce do mundo, no mais belo rio do mundo

– Comida predileta: Churrasco

– Escritor que te inspira: Rubem Braga

– Música para ouvir: MPB, entre eles Chico Buarque, Vitor Ramil e Nei Lisboa; rock nacional (Legião, Paralamas, Titãs); Blues (Alberta Hunter, Charles Mingus); e tudo dos Beatles

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– Viver no interior é…: Sentir-se em casa!