Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um policial rodoviário ensinando a jogar gás de pimenta dentro de um camburão. Quem aparece nas imagens é Ronaldo Bandeira, professor de cursinhos de preparação para concursos de policiais em Balneário Camboriú. A técnica lembra a utilizada na morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em Sergipe. As informações são do g1 SC.
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Na gravação, Bandeira conta que usou o gás de pimenta para conter um homem que “estava agitado dentro do camburão”. Ele teria aplicado o gás enquanto os policiais lavravam um procedimento.
— A gente estava na parte de trás da viatura, ele ainda tentou quebrar o vidro da viatura com chute. Ficou batendo o tempo todo — diz.
— A pessoa fica mansinha. Daqui um pouco só escutei: “Vou morrer! Vou morrer”. Aí eu fiquei com pena, cara. Abri [e falei] assim: “Tortura!”, e fechei de novo” — descreveu. — Sacanagem, fiz isso, não — conclui.
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Quer dizer que o método de tortura usado para matar o Genivaldo é ensinado por professor que é da PRF em cursinhos preparatórios para carreiras nas polícias? @PRFBrasil @AlfaConCP pic.twitter.com/KuOfgW1isb
— Essa tal Vanessa Lippelt (@vanessalippelt) May 27, 2022
Bandeira passou em um concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em 2008, e anos depois, abriu o cursinho na cidade do Vale do Itajaí.
Ao g1 SC, a assessoria do curso de Bandeira se defendeu, afirmando que a fala do vídeo está fora de contexto e que a gravação é de 2016. Diz ainda que o vídeo é referente a uma aula de um cursinho do Paraná. A nota afirma ainda que o PRF ensinava sobre a lei 9.455/97, responsável por definir o crime de tortura.
Segundo a assessoria, uma nota será divulgada para esclarecer os fatos. A reportagem entrou em contato com a PRF, mas não teve retorno até a publicação da matéria.
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Análise é importante
O coordenador do programa de Enfrentamento à Violência Institucional da ONG Conectas Direitos Humanos, Gabriel Sampaio, ressalta a importância desse tipo de conteúdo ser analisado e apurado pelos órgãos de controle interno das policias, como as corregedorias, além de órgãos de controle externo da atividade policial.
— Para além da atividade de professores e do tratamento absolutamente inadequado deste assunto nos espaços de formação, é fundamental que as violações de direitos humanos sejam investigadas, com responsabilização para aqueles que revelam ou estimulam a prática desses crimes e reparação das vítimas desses atos — afirmou.