Marlise da Silva Nazario Eliseu, de 40 anos, passou uma tarde de horror. Na quarta-feira, por cinco horas, a coordenadora do Consórcio Intermunicipal de Abrigo para Criança e Adolescente (Ciaca) de Braço do Norte, no Sul de Santa Catarina, permaneceu refém de uma menor de idade – a adolescente exigia ser levada até Joinville, Norte do Estado.

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A pedagoga foi trancada junto com outros oito funcionários do abrigo em uma sala. Era perto de 13h30. Lá foi imobilizada pela garota. Depois foi obrigada a entrar num carro com a educadora social Alessandra Lunardi, 37 anos.

Alessandra dirigia enquanto Marlise permanecia no banco de trás com uma faca no pescoço. No meio do caminho entre Braço do Norte e Tubarão, convenceu a adolescente a abandonar a ideia de ir com o carro do Ciaca até Joinville e pegar um ônibus na rodoviária de Tubarão.

– Ela me mandava parar de chorar, dizendo que se alguém percebesse, eu ia morrer. Me ameaçava a todo o instante. Mandava eu rezar. Perguntava se eu amava minha família, umas coisas que pareciam vir de um bandido profissional. Ficava perguntando se eu estava assustada, se eu estava com medo, e dizendo que nós não sabemos do que ela era capaz.

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Adolescente detida em Tubarão

Já em Tubarão, ainda sob a ameaça da adolescente, Marlise comprou as passagens. Enquanto aguardavam o horário da saída para Joinville, marcada para as 17h30, uma equipe da Diretoria de Invetigações Criminais, com policiais disfarçados, fez a apreensão da garota, que foi dominada ao tentar fugir.

Ainda na quarta, promotoras de Justiça de Braço do Norte decidiram pela transferência da adolescente para um centro de internação em Lages.

A menor estava acolhida pelo abrigo havia 10 dias e não tinha apresentado comportamento agressivo. Ela tinha saído de Joinville e estava em Braço do Norte quando se desentendeu com a mãe sobre a guarda de filho de dois meses.

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– Ela era tranquila, bem companheira. Nós jamais imaginávamos que isso pudesse ocorrer. Só que a promotora disse que até quarta-feira tentaria resolver o caso dela. Então até quarta ela tolerou as regras da casa. Como não teve resposta, ela se tornou assim agressiva – conta Marlise.