Entre os dias 6 e 27 de setembro, alguns dos maiores nomes das artes cênicas no mundo – desses que já figuram amplamente nos livros de referência – estarão reunidos em uma cidade de 1,4 milhão de habitantes no Sul do Brasil. Não será a estreia da maioria deles no local, mas será a primeira vez que desembarcarão quase ao mesmo tempo.

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Assim será a 18ª edição do Porto Alegre Em Cena, que chega à simbólica maioridade reafirmando sua vocação de antena para atrações internacionais de ponta.

Retornam este ano diretores e grupos que estiveram na grade de edições anteriores do festival. O célebre encenador inglês Peter Brook esteve pela primeira vez em 2000 com Le Costume e retornou em 2005 (Happy Days) e 2008 (O Grande Inquisidor). Brook apresentará uma montagem da ópera A Flauta Mágica, de Mozart. O mestre norte-americano Robert Wilson, que mostrou sua montagem de Quartett, de Heiner Müller, em 2009 (com a atriz francesa Isabelle Huppert), e no ano passado trouxe sua versão de Happy Days, retorna a Samuel Beckett com A Última Gravação de Krapp, protagonizado pelo próprio Wilson. O lendário grupo francês Théâtre du Soleil, da diretora Ariane Mnouchkine, trará o espetáculo Les Naufragés du Fol Espoir, depois de uma passagem memorável pela Capital em 2007, com a peça de oito horas de duração Les Éphémères.

Na linha de frente da programação musical, estão o compositor Philip Glass, um dos maiores nomes da música moderna, e a cantora (e atriz) inglesa Marianne Faithfull, que vai estrear na Capital, com o show do CD Horses and High Heels, lançado este ano, acompanhada pelo guitarrista Doug Pettibone. Também pela primeira vez na Capital, a cantora espanhola Esrella Morente, um dos grandes nomes da música flamenca, apresenta o espetáculo Mujeres.

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Segundo Luciano Alabarse, coordenador do Porto Alegre Em Cena, esta reunião de nomes representativos da história das artes cênicas serve “como uma celebração de toda a trajetória vivida até aqui”. Uma das receitas é o planejamento: a negociação com as produções costuma levar de um a dois anos. Ajuda, também, o orçamento de cerca de R$ 4 milhões, financiados pela prefeitura e por empresas que investem por meio de renúncia fiscal ou diretamente.

– Agora, essas atrações reunidas de uma só vez é uma ajuda extra, dos deuses do teatro, porque eles (os artistas) tinham espetáculos prontos e produções dispostas a viajar. E a credibilidade atingida ajudou, claro – afirma Alabarse, adiantando que, para o ano que vem, há “tratativas adiantadas” para trazer uma produção do diretor Patrice Chéreau com o Théâtre de la Ville: I Am the Wind, de Jon Fosse.

No ano de sua maioridade, o Em Cena confirma espetáculos nacionais de destaque (Paulo José dirige Histórias de Amor Líquido, baseado na obra do sociólogo Zygmunt Bauman, e Felipe Hirsch traz Pterodátilos, com Marco Nanini) e uma atenção à produção de países vizinhos, especialmente da Argentina e do Uruguai.

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– Este ano, procuramos trazer nomes do teatro “off” Corrientes, o teatro independente de Buenos Aires – diz Alabarse.

Entre as peças que deverão receber atenção do público estão Amar, do diretor Alejandro Catalán, e Dolor Exquisito, de Emilio García Wehbi, fundador do paradigmático grupo El Periférico de Objetos.