O vice-presidente Hamilton Mourão palestrou por mais de uma hora em Florianópolis nesta sexta-feira (28) para um grupo de empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). Com tom para amenizar as tensões entre o Congresso e o governo federal, o general frisou em vários momentos a importância do legislativo para resolver e avançar em discussões como a da reforma tributária.
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— Vivemos em um eterno turbilhão que tem que ser superado por uma tríade que eu venho tentando demonstrar: clareza, determinação e paciência. Vídeos são divulgados, as redes sociais se inflamam, essa é a situação – disse o vice-presidente.
Mourão destacou que “ninguém está tentando atentar contra a democracia”, que é “o melhor sistema, com todas as suas confusões”.
Antes de falar sobre a situação brasileira, com foco no cenário econômico, o vice ocupou grande parte do discurso com panoramas internacionais. Falou sobre geopolítica, contextos históricos, conflitos no Oriente Médio, crescimento da China como potência, efeitos do coronavírus e até mesmo sobre o Brexit. Ao citar o movimento de saída da Inglaterra da União Europeia, disse que o mundo vive um momento de “quase desglobalização”.
Quando voltou a atenção ao Brasil, o discurso de Mourão citou Santa Catarina apenas uma vez: para falar do programa de concessões do governo federal.
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— Talvez tenhamos que buscar saída por meio de concessões para os problemas de infraestrutura em Santa Catarina. A concessão da BR-101 é uma prioridade, que pode abrir espaço para o ministério abrir recursos para outras obras – explicou.
A referência à concessão de rodovias foi provocada pela própria Fiesc, que abriu o evento citando os problemas de logística em Santa Catarina. Em discurso antes de Mourão, o presidente da entidade, Mário Cesar Aguiar, cobrou do governo a conclusão de obras atrasadas como a duplicação da BR-470 e da BR-280.
Na sequência do discurso, Mourão resumiu aos presentes o que ele chamou de “passos para a retomada do crescimento do Brasil”. Falou sobre a Amazônia e os esforços de regularização fundiária para combater o desmatamento irregular, e também sobre os próximos passos do projeto econômico do governo federal, com foco nas privatizações.
— A retomada do crescimento começou com a reforma da previdência. Agora é restabelecer as contas públicas com a desvinculação do orçamento, modernização do Estado e privatizações. A reforma tributária é consenso. tem uma na Câmara, tem uma no Senado, e o governo hoje julga que é melhor as duas casas discutirem esse assunto com algumas propostas que a gente pode colocar, para não tumultuar mais ainda esse jogo. O lugar para discutir isso hoje é o Congresso.
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Depois da palestra, Mourão não atendeu a imprensa e saiu direto do auditório da Fiesc para voar novamente até Brasília. O compromisso na entidade era a única agenda do vice-presidente em Santa Catarina. Na chegada, ele foi acompanhado apenas por assessores e pela vice-governadora do Estado, Daniela Reinehr.