Brincando sobre o blazer azul que vestia, em referência a uma de suas maiores polêmicas até hoje, a ministra Damares Alves chegou para uma coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) às 8h55min desta quinta-feira. O primeiro compromisso foi no gabinete do deputado Kennedy Nunes (PSD), onde respondeu a perguntas sobre vários temas e conversou brevemente com alguns deputados, antes de seguir para o salão onde participaria da abertura de um seminário sobre Suicídio, Automutilação e Violência contra a Mulher organizado pela União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale).

Continua depois da publicidade

Com dados recentes que mostram um aumento de 40% nos casos de feminicídio em Santa Catarina — inclusive com um caso registrado nesta terça-feira —, a ministra trouxe informações sobre o projeto da Casa da Mulher Brasileira (centro de atendimento especializado para mulheres em situação de violência doméstica) e levantou o tom em relação ao combate aos feminicídios.

— Não posso me acomodar sob essa afirmação de que é cultura bater em mulher. Não é cultura não e vamos enfrentar isso. A violência contra a mulher precisa ser encarada, e só vamos ter resultados começando lá na escola, temos que ir pra sala de aula, falar com o menino e a menina a partir de quatro anos. O tema tem que ser matéria curricular. Reforçar muito a importância de denunciar. E não é só violência física, a marca no rosto, a facada, o tiro. Tem que ser combatida a violência de cada dia, a violência psicológica também destrói vidas.

Sobre a possível implantação de unidades da Casa da Mulher em Santa Catarina, a ministra apontou que o projeto é positivo, mas passará por uma reformulação. Segundo ela, o modelo atual é muito grande e de manutenção cara para os estados e municípios.

— Estamos remodelando o projeto para levar às cidades pequenas, inclusive no interior, cidades de fronteira onde precisamos proteger as mulheres vítimas do tráfico. Aqui em Santa Catarina estamos conversando com o governador e com a secretaria estadual para ver o modelo mais viável. É possível que no próximo ano a gente traga duas ou três casas para o Estado — disse a ministra.

Continua depois da publicidade

Polêmica da identidade de gênero

Damares também repercutiu e pressionou o governador Carlos Moisés (PSL) em relação à retirada dos termos sobre "identidade de gênero" da base curricular do ensino infantil e fundamental em Santa Catarina. Segundo ela, não é preciso conversa sobre isso por se tratar de uma promessa de campanha do governador e do presidente Jair Bolsonaro:

— Estamos mandando um recado que acabou a brincadeira, nossas crianças não são cobaias. As famílias que elegeram o governador e o presidente não querem ideologia de gênero no Brasil.

Projeto para combate ao suicídio

Um dos principais temas do seminário, a questão do suicídio e da automutilação também foi abordada pela ministra. Segundo ela, o suicídio é atualmente a quarta maior causa de morte entre os jovens brasileiros e a segunda no mundo. No entanto, ela aponta que o número deve aumentar a partir de uma nova política adotada de notificação obrigatória para todos os casos.

— Até então a gente não tinha como saber todos os dados, agora o governo Bolsonaro veio com a lei que torna obrigatória a notificação dos casos de suicídio, tentativa e automutilação. É possível que a gente fique ainda mais apavorado com os números reais. A nossa preocupação tem sido que a idade dos que cometem esses atos tem diminuído cada vez mais, então precisamos unir esforços para acabar com esse sofrimento.

Continua depois da publicidade