Em Santa Catarina para anunciar o repasse de recursos para a saúde, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, comentou sobre a prisão de amigos do presidente Michel Temer em operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira. Marun disse que ainda não conversou com o presidente e pediu imparcialidade na condução das investigações sobre o decreto dos portos, que teria beneficiado a empresa Rodrimar.

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— Ainda não temos conhecimento específico dos motivos que levaram a ela (prisão). Mas o que nós temos é uma dúvida em relação aos motivos e uma certeza, de que os decretos dos portos não beneficia a Rodrimar. Essa certeza continua e, por isso, nós temos a mais absoluta convicção de que havendo clareza, havendo imparcialidade na condução das investigações chegaremos à óbvia conclusão, até porque repito, o decreto dos portos não beneficia a Rodrimar, é que ao final restará esclarecida a absoluta inocência do presidente em relação a tudo isso — disse Marun.

O ministro também negou o enfraquecimento do governo Temer com o avanço das investigações da PF.

— Tenho certeza de que se isso não for tratado com parcialidade e sensacionalismo não enfraquece o governo, porque o governo Temer não tem nada com isso — disse.

Na manhã desta quinta, a PF deflagrou a Operação Skala. A decisão foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. O advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente, é um dos presos.

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A operação também prendeu Celso Grecco, dono da empresa Rodrimar, empresa que atua no Porto de Santos, no litoral de São Paulo, e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (PMDB).

Outro amigo de Temer que também foi detido pela PF é o Coronel João Baptista Lima Filho. Chamado a depor, o coronel aposentado da PM paulista apresentou sucessivos atestados médicos. Relatório da PF mostra 12 telefonemas entre Lima e Temer na época da edição do decreto. A PF também apreendeu documentos em que Lima aparece pagando despesas da família do presidente.

Entenda o caso

O inquérito para apurar se a Rodrimar pagou propina para obter vantagens no decreto dos Portos foi aberto após a delação premiada de Joesley Batista e outros executivos da JBS.

Além de Temer, Yunes e os donos da Rodrimar, outras pessoas são investigadas no caso, como o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures — ex-assessor de Temer flagrado carregando uma mala de dinheiro — e o coronel João Baptista Lima Filho, também amigo do presidente.

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Temer é investigado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O decreto foi editado em maio de 2017, e ampliou de 25 para 35 anos os prazos dos contratos de concessão e arrendamento de empresas que atuam em portos. O novo texto também permite a prorrogação de contratos por até 70 anos.

Contraponto

O advogado de Yunes, José Luis de Oliveira Lima, informou que se trata de uma prisão temporária de cinco dias.

— É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania — afirmou Oliveira Lima.

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