O investimento no turismo religioso e a profissionalização da indústria calçadista transformaram a economia de dois municípios catarinenses, que hoje são reconhecidos em todo o país.

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Algumas cidades do Estado, apesar de pequenas, são reconhecidas pelo país. Entre elas, São João Batista, a 70 quilômetros de Florianópolis, concentra um polo calçadista com mais de 50 anos de tradição. Dez quilômetros adiante, a canonização de uma imigrante italiana tornou o município de Nova Trento conhecido mundialmente.

Em 2002, o Vaticano canonizou Madre Paulina, que passou a ser chamada de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus. No mesmo ano, começou a ser erguido o Santuário em homenagem à santa, que ficou pronto quatro anos depois, aquecendo o turismo religioso de Nova Trento.

Comércio e serviços cresceram, ancorados no Santuário, e o município recebeu mais hotéis e restaurantes para atender aos 70 mil fiéis que visitam a cidade por ano. Em São João Batista, foi o segmento calçadista que se destacou. Hoje, tem 393 empresas do setor, que empregam 4.625 pessoas, de acordo com o Ministério do Trabalho.

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A marca de sapatos femininos Raphaella Booz nasceu em São João Batista e, mesmo com o crescimento vertiginoso, não planeja sair da cidade de pouco mais de 26 mil habitantes. A empresa tem 46 anos, mas a fase mais próspera começou com a segunda geração da família Booz.

O atual presidente e designer de sapatos da empresa, o batistense Cláudio César Booz, conta que, há 10 anos, passou a investir 5% do faturamento da marca em divulgação.

A estratégia, aliada à participação em feiras internacionais, como a Couromoda, e à abertura de uma rede de franquias, elevou a empresa catarinense a um novo patamar.

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Hoje, a Raphaela Booz exporta para 25 países, tem 18 filiais, uma delas no Paraguai e duas na Bolívia, e emprega 350 pessoas. Para Cláudio, apesar de o polo calçadista de São João Batista ter evoluído muito, ainda falta suporte. Ele conta que 70% do produto é feito com componentes do Rio Grande do Sul.

Produção de 30 mil pares por dia

Os fornecedores da cidade, que vendem solados, palmilhas, saltos e fôrmas, garantem os 30% restantes. Booz observa, por exemplo, que não há um curtume no município, e a formação profissional na cidade ainda é fraca.

Com o crescimento da marca, a família está profissionalizando a gestão. Hoje, o corpo executivo da Raphaella Booz é misto, com executivos contratados e membros da família.

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Nos últimos cinco anos, a empresa vem crescendo de 10% a 15% anuais. A expectativa é de que ela se mantenha nesse ritmo. A fábrica produz 30 mil pares de calçados por dia.

Reflexo dos pés

O polo calçadista de São João Batista tem 393 indústrias, que empregam 4.625 pessoas, segundo dados do Ministério do Trabalho