Durante uma conversa com jornalistas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que não vai vacinar a filha de 11 anos contra a Covid-19. Nas últimas semanas, ele tem lançado suspeitas quanto à segurança do imunizante, que foi aprovado pela Anvisa para aplicação em crianças maiores de 5 anos.
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— Estamos conversando com o [ministro da Saúde, Marcelo] Queiroga nesse sentido. Ele, dia 5, deve ditar normas de como é que deve se vacinar crianças. Eu espero que não haja interferência do Judiciário; Espero, porque a minha filha não vai se vacinar — deixar bem claro. Ela tem 11 anos de idade — disse Bolsonaro ao chegar a São Francisco do Sul, nesta segunda-feira (27), onde passará o Réveillon.
O presidente também afirmou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deve definir no dia 5 de janeiro como serão as normas para a vacinação das crianças.
— Espero que não haja interferência do Judiciário — completeou o presidente.
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Na quinta-feira (23), Queiroga afirmou que as crianças só poderão ser vacinadas com prescrição médica e consentimento dos pais. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) reagiu dizendo que não será exigido nenhum documento médico para a imunização dessa faixa etária.
Presidente voltou a levantar dúvidas em relação a vacina
Nesta segunda-feira, questionado se o vírus da Influenza é preocupação para o governo, Bolsonaro disse que não está vacinado e voltou a levantar dúvidas sobre a eficácia dos imunizantes.
— Em um primeiro momento grande parte dos contaminados estavam vacinados — disse ele.
Ele ainda complementou a fala dizendo que tem “imunidade natural”:
— Eu, por exemplo, não estou vacinado. Tenho imunidade natural. Vários estudos dizem que é muito melhor que a imunidade vacinal.
Em seguida, o presidente citou o caso de Queiroga, imunizado e infectado pelo novo coronavírus durante viagem presidencial a Nova York (EUA), em setembro. As vacinas não impedem completamente a infecção, mas têm eficácia de mais de 90% na redução dos casos graves.
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Na sexta, Bolsonaro repetiu fala de Queiroga e disse que “não está havendo morte de criança” para justificar decisão emergencial sobre vacina da Covid-19 para crianças.
De acordo com dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), desde o começo da pandemia até 6 de dezembro deste ano, foram registradas 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos por Covid-19 no país.
Em 2020, 2.978 crianças tiveram síndrome respiratória aguda grave em decorrência do coronavírus – 156 delas morrem. Neste ano, foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes.
O Ministério da Saúde chegou a abrir uma consulta pública sobre a vacinação das crianças, considerada “idiotice”, “procrastinação”, “absurdo” e “coisa da idade da pedra” por especialistas em infectologia e saúde pública consultados pela Folha.
No dia 16 de dezembro, a Anvisa autorizou o uso da vacina da Pfizer para imunizar as crianças. Diretores da agência receberam ameaças por causa da análise do pedido da farmacêutica. A Anvisa solicitou, mas não recebeu proteção policial da sua cúpula e dos técnicos mais expostos.
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O presidente da agência, Antonio Barra Torres, disse à Folha que a aprovação da área técnica foi baseada em estudos robustos de segurança e eficácia da vacina, além de dados epidemiológicos.
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