Foram duas horas de bandeiras do Brasil, tinta verde-amarela, música e ironia, caminhada e festa em Salvador.
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Aí, a caminhada chegou às barreiras policiais em torno do estádio Fonte Nova, e os sorrisos viraram medo, depois choro de gás lacrimogêneo, e então raiva que virou quebradeira.
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A manifestação foi o debut dos baianos no movimento que sacode o Brasil – segunda passada, um punhado deles se reuniu, mas foi no primeiro jogo da Copa das Confederações que a cidade se mobilizou. Aqui, eles não querem exatamente baixar a passagem de ônibus: ter ônibus suficientes já seria uma boa, ver pronto o metrô em construção há 13 anos, uma ótima.
– A gente veio porque estamos cansados. Vimos a Arena Fonte Nova ficar pronta em dois anos e o metrô está aí, há mais de 10, e nada – contou Fernanda Castro, 19 anos.
Disse e espichou o pescoço para espiar a razão do barulho de bombas vindo do pé da ladeira da Avenida Politeama, centro de Salvador. O que havia lá era a polícia de choque e a vanguarda dos manifestantes, que tentavam chegar o mais perto possível da Fonte Nova.
No final da lomba era o mais perto possível – mas descobrir isso exigiu dos manifestantes respirar gás lacrimogêneo, pular de bombas de efeito moral, encarar escudos e levar patadas dos cavalos.
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A PM baiana não deixou nem que os de paz – maioria – sentassem e protestassem silenciosamente. Avançou. Logo, o roteiro visto em várias capitais se repetiu: meia dúzia passou a gritar “agora é com violência” e investir com pedras sobre os policiais.
Recuaram e, quando a maioria da passeata já subia de volta a rua de onde veio, sobraram cerca de 20 exaltados, que demoliram micro-ônibus e carros estacionados e quebraram vidros de uma delegacia.
– A galera é pacífica, aí não consegue conter esses caras. São poucos, mas violentos. O movimento não é isso – reclamou Felipe Souza, estudante de Direito, em frente aos vidros quebrados da depredação.
Dois feridos, só ali, foram levados de ambulância. Houve confrontos em vários pontos de chegada ao estádio, e as multidões seguiram pelas ruas noite adentro.
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