A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, em bate-papo pelo Facebook, que o governo interino de Michel Temer quer rasgar a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) ao falar em reforma trabalhista.

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— Uma das razões da tentativa do golpe é produzir um arrocho salarial nos trabalhadores, reduzir os direitos trabalhistas no país. Os ministros provisórios e interinos estão falando em reforma trabalhista. Para eles, reforma trabalhista ou flexibilização das relações de trabalho significam perda de direitos e conquistas. Quando falam em reforma trabalhista ou em flexibilização das relações de trabalho, o que buscam é rasgar a CLT. Para nós, os direitos trabalhistas inscritos na CLT são a base e devem ser preservados integralmente — disse, ao lado do ex-ministro do trabalho e Previdência, Miguel Rossetto.

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Dilma disse ainda ter “um grande receio” de que o governo Temer acabe com a política de valorização do salário mínimo.

— Eles querem acabar também com a política de valorização do salário mínimo, que deu um ganho real acima da inflação de 76% desde 2006 — afirmou, ressaltando que 48 milhões de brasileiros vivem do salário mínimo. — Outra questão importante é o fato de que 70% dos aposentados ganham um salário mínimo e eles querem também desvincular as aposentadorias de 23 milhões de brasileiros e brasileiras do salário mínimo, o que vai resultar naquilo que acontecia na época do FHC: perda absoluta do poder de compra das aposentadorias pagas àqueles que trabalharam a vida inteira pelo Brasil — escreveu.

Ao ser questionada sobre o aumento do desemprego, Dilma afirmou que essa é uma “preocupação imensa” e que antes de seu afastamento o governo vinha “agindo para diminuir o problema”.

— O atual patamar de desemprego (11,2%, em abril) é muito alto. Desde o ano passado, estamos agindo para enfrentar este grave problema. Todo o nosso esforço foi para recuperar o crescimento econômico e o investimento, para voltarmos a gerar empregos — disse.

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Dilma disse ainda que a crise atual pode ser superada sem impor a conta aos trabalhadores.

— Exige escolhas políticas e negociação com as centrais sindicais para construir as melhores estratégias. Para nós, não são os trabalhadores que devem pagar o pato. A renda dos trabalhadores, por exemplo, quando cresce amplia o mercado interno e dinamiza a economia, estimulando a produção e ampliando o lucro das empresas — afirmou.