Em seu terceiro pronunciamento em rádio e televisão sobre a crise do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar na noite desta terça (24) a gravidade da doença. O presidente pediu para prefeitos e governadores "abandonarem o conceito de terra arrasada", que, para ele, inclui o fechamento do comércio "e o confinamento em massa".
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– O grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos – disse Bolsonaro.
Veja o discurso na íntegra:
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O presidente da República também atacou a mídia e voltou a criticar governadores. A fala foi acompanhada por panelaços em algumas cidades do país, pelo oitavo dia seguido.
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Parlamentares se dizem perplexos e chamam Bolsonaro de irresponsável após pronunciamento
A conduta de Bolsonaro de buscar a atenuar a pandemia do coronavírus – já chamada por ele de "gripezinha" – impulsionou esses protestos desde a segunda-feira da semana passada, dia 16.
A última vez que o presidente chamou o sistema de rádio e TV para falar à população tinha sido no dia 12 de março, quando ele sugeriu que seus apoiadores não comparecessem a atos de rua planejados para o domingo seguinte, 15 de março.
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A justificativa era que aglomerações poderiam facilitar a transmissão da Covid-19. O presidente, no entanto, descumpriu sua própria orientação e, no dia programado para as manifestações, se reuniu com simpatizantes em frente à rampa do Palácio do Planalto. Na ocasião, ele tocou em pessoas, as cumprimentou e tirou selfies.
Antes disso, no dia 6 de março, Bolsonaro havia feito um pronunciamento para dizer que o país tinha reforçado seus sistemas de vigilância sanitários em portos e aeroportos, como preparação para o avanço do Covid-19.
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A nova doença causou 46 mortes no Brasil, segundo dados divulgados nesta terça-feira (24). Há 2.201 casos confirmados de coronavírus. O primeiro óbito foi registrado no dia 17 deste mês. Bolsonaro minimizou em diversas ocasiões os impactos do Covid-19 e criticou medidas de restrição de movimento que têm sido adotadas por governadores. Ele já se referiu à enfermidade como "gripezinha" e argumentou que ações como o fechamento de comércios e divisas entre os estados causam prejuízos econômicos para o país.
Nos últimos dias, no entanto, o presidente tem adotado gestos de moderação e de busca de diálogo com os chefes de Executivo estaduais. Embora ainda reitere que ações excessivas de restrição de movimentação não devem ser adotadas, ele realizou videoconferências com governadores e lançou um pacote bilionário de ajuda aos entes subnacionais.