O novo secretário de Segurança Pública (SSP) de Santa Catarina, Alceu de Oliveira Pinto Junior, tomou posse nesta terça-feira de manhã em Florianópolis. O evento ocorreu no auditório sede da SSP, no Bairro Capoeiras. O espaço estava lotado por convidados e autoridades da área. A solenidade foi feita a 500 metros de onde três homens foram assassinados na madrugada de domingo em Florianópolis em um ato que pode estar ligado ao conflito de facções. Secretário por sete anos e dois meses, Cesar Grubba deixou o cargo para retornar ao Ministério Público da Capital.

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A disputa por espaço entre as organizações criminosas será justamente a maior dificuldade da nova cúpula da segurança pública catarinense. Durante seu discurso, Alceu prometeu ações imediatas para conter o avanço da criminalidade. Ele dividiu os futuros trabalhos em três frentes:

— Teremos ações de curto, médio e longo prazos. Todas as regiões de Santa Catarina serão prestigiadas — prometeu o novo secretário.

A expectativa, segundo Alceu, é termina 2018 com índices de violência menores do que os registrados neste início de ano e em 2017. Para isso, o novo secretário, que é professor de direito e advogado, trocou todas as chefias dos órgãos de segurança. A primeira substituição foi oficializada no mesmo evento desta terça-feira.

O delegado Marcos Ghizoni Junior assumiu a delegacia-geral da Polícia Civil. Substituirá Artur Nitz, que foi convidado para ser o diretor da corporação no Litoral. Em discurso emocionado, Ghizoni se disse pronto para a função:

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— Faremos medidas pontuais para diminuir os índices de violência. Vamos fortalecer a segurança nas fronteiras para que Santa Catarina deixe de ser rota para traficantes de armas e drogas.

Na próxima quinta-feira, o coronel Araújo Gomes assumirá o comando da Polícia Militar (PM). Depois disso, devem iniciar ações tanto da PM como da Polícia Civil na repressão ao crime organizados na Capital e em Joinville. A palavra de ordem da nova gestão é mostrar resultados imediatos, principalmente nos pontos problemáticos.

O governador em exercício, Eduardo Pinho Moreira (PMDB) pediu “indignação” da nova equipe da segurança. Segundo ele, recursos serão canalizados para a pasta, assim como para a saúde, áreas consideradas prioritárias na gestão do peemedebista.

Grubba sai e diz estar satisfeito

O discurso mais longo do evento foi o do ex-secretário da SSP, Cesar Grubba. Saudou convidados e agradeceu os servidores da pasta pelos sete anos de trabalho. Mesmo com o aumento da criminalidade durante sua gestão e pelo menos quatro onda de atentados, ele se disse satisfeito com os resultados na secretaria:

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— Saio com a consciência e a sensação de dever cumprido. Obtivemos resultados expressivos no Estado.

Ao final do evento, com uma foto sua colocada na galeria dos secretários, Grubba disse que chegou a sua hora de sair, por isso a opção de voltar ao MP. Diferentemente do que havia sido cogitado, o promotor negou a intenção de concorrer nas eleições de outubro desse ano.

Leia abaixo a entrevista com o ex-secretário Cesar Grubba:

Depois de passar por várias crises na área de segurança nesses sete anos, como o senhor sai da pasta?

Saio com a consciência do dever cumprido. Saio com com a consciência de que o que foi possível fazer nesses anos, nós fizemos. Se não fizemos mais é porque não foi possível.

O que o senhor teria feito diferente?

Teria feito tudo da mesma forma, agido do mesmo jeito que fiz para combater a criminalidade, as organizações criminosas. Não teria mudado absolutamente nada.

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Nesses sete anos tivemos crescimento da violência em Santa Catarina. Ao que, então, o senhor credita isso?

Banalização da violência nas duas últimas décadas no Brasil como um todo, a falta de criminalização das pessoas que praticam crime e não se veem impedidas pela legislação de voltarem à prática criminosa. Há também a formação de organizações criminosas com o intuito de venda e consumo de drogas no Brasil. O grande mal do século são as drogas e o consumo pela sociedade que não ajuda a combater a criminalidade de forma a não usá-las.

O senhor está saindo por que quer ou por que foi um pedido do novo governador?

Chegou meu tempo de retornar ao Ministério Público, com sete anos e dois meses à frente da SSP saio com a sensação de dever cumprido.

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