Imagine só: você está no Parque Ramiro Ruediger, praticando o deboísmo, jogando uma bolinha com os parças na quadra de areia, quando de repente aparece Ronaldo Fenômeno, ou então Ronaldinho Gaúcho. Mítico, né? Ou então disputar um joguinho de vôlei e ter ao seu lado ninguém menos que Giba. Tudo bem que não foi exatamente isso que ocorreu ontem, mas a comparação com os ídolos é praticamente a mesma, principalmente devido à reação dos garotos na pista de skate no momento em que Sandro Dias, o Mineirinho, colocou os pés – e as rodinhas – entre os obstáculos montados por lá.

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– Tu não vai acreditar quem tá ali – disse um, empolgadão.

Ah, para – exalta outro, enquanto cutuca o amigo ao lado.

A convite do Santa, o tricampeão mundial mostrou ontem à tarde na pista municipal um pouco do talento que encantou os amantes de skate. Um dos poucos atletas em todo o planeta a fazer a manobra 900 (duas voltas e meia ao redor do próprio corpo sobre o skate), Mineirinho pisou em Blumenau ontem para uma campanha de sua marca, mas aproveitou para deixar um recado para os jovens que praticam o esporte por aqui. Embora o street skate não seja sua especialidade, ele deu dicas a alguns garotos que, entre quedas e mais quedas, raladas e mais raladas nas juntas, curtiam o momento ao lado de um ídolo antes visto apenas na telinha da televisão nos domingos de manhã.

Esqueça aquela relação ídolo-fã distante, fria. Era com assovios constantes, salva de palmas e cumprimentos com punho cerrado que Mineirinho orientava e interagia com aqueles que o viam como um semideus entre os demais. O tempo também colaborou, é verdade, o que fez com que gradativamente os que chegavam formassem uma pequena arquibancada. E não só isso: andavam e faziam manobras lado a lado. Experiência única.

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– Digo para que eles andem de skate por diversão, já que venho de uma época que era assim. Tinha todo o glamour de andar de skate por amor. Claro que alguns conseguem conquistar coisas, mas isso só acontece com quem tem paciência, disciplina e força de vontade, porque não é um esporte de se praticar. Sempre digo: o que é possível, não é impossível – brinca Mineirinho.

Inserido no programa dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, a expectativa é de que o skate viva uma nova fase no Brasil – e no mundo também, claro – nos próximos três anos. Não só o montante de investimentos deve crescer, como também haverá uma corrida por melhores desempenhos para garantir vagas o que, em tese, aumenta o nível técnico dos atletas. Para Mineirinho, esse será um momento diferente, nunca sentido pelos amantes do esporte, em que absolutamente tudo que virá pela frente será uma grande bola de novidades:

É tudo muito novo. Ainda estamos digerindo essa ideia. Embora a gente acredite que a Olimpíada precise mais do skate do que o contrário. Estamos contentes, vai agregar bastante, atrair novos olhares e praticantes e, quem sabe, mais medalhas para o Brasil, já que há grandes possibilidades pelos talentos que a gente tem.

No fim das contas, o tempo para Mineirinho ficar entre os fãs no Ramiro era curto. Pontualmente às 16h30min ele deveria sair, para seguir viagem até Brusque, com outros compromissos profissionais. O problema era que com o skate na mão e o suor já escorrendo pelo rosto, parecia que o três vezes medalha de ouro nos X-Games de Los Angeles (a Olimpíada dos esportes radicias) parecia curtir mais do que os próprios garotos que o acompanhavam.

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Deram banana para o macaco, agora aguenta – disse, rindo, enquanto se preparava para mais algumas manobras.