Nos fundos da Rua Dr. Luiz de Freitas Melro, no Centro de Blumenau, após subir uma escadaria em caracol, ao primeiro passo dado, o assoalho de madeira range e segue a cada movimento como em uma sinfonia. A morada antiga é da época em que Godofredo de Oliveira Neto ainda era criança. Foi no mesmo local, em uma poltrona coberta por um manto de fio cru, que o escritor voltou à infância ao contar os primeiros passos dados no imaginário mundo da literatura, ainda na escola primária.

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Sentado ali, no canto da sala que abriga tantas memórias em fotos e objetos de época, Godofredo fala de conquistas, publicações, aulas dadas e lembranças. Lembranças presentes em todos os livros que escreveu. E nos contos também. São relatos de coisas vividas e imaginadas em diferentes locais de Santa Catarina, descritas detalhadamente em cada parágrafo. Resultado de frações de lembranças do autor e de muita pesquisa.

Blumenau, além de ser a terra-natal do escritor, está constantemente nos textos. Foi na cidade germânica também que o primeiro texto de Godofredo, um conto, foi escrito. Ele não lembra exatamente o tema, mas o texto foi entregue à professora de Língua Portuguesa do Colégio Santo Antônio (hoje, Bom Jesus) chamada Frida. Ela foi uma das responsáveis por despertar o interesse dele pela literatura, assim como o pai e as duas irmãs, também assíduos leitores.

É também dos tempos de escola a amizade dele com o chargista e colunista do Santa Cao Hering. Eles se conheceram através de outros amigos e até hoje se falam por telefone ou pessoalmente. Cao confirma que Godofredo é um amigo generoso:

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– Ele é muito modesto e um profissional brilhante. Me inspiro muito nos textos dele. É daqueles amigos que ligo apenas para fazer uma brincadeira ou saber como está o dia dele. Ele é muito puro, brincalhão e inteligente.

Além dos amigos, é na cidade de origem que, até hoje, Godofredo busca inspiração. Ou melhor, é aqui que ele se inspira. No sítio da família, nos recantos do Ribeirão Garcia, na Nova Rússia, o escritor se isola e escreve com a inseparável caneta azul nas folhas de papel em branco – já perdeu as contas, mas acredita que tenha mais de 700 páginas de textos inéditos.

Na passagem por Blumenau durante o fim do ano, Godofredo não parou de criar. Um livro que deve ser publicado no próximo ano já está sendo produzido. O escritor adianta que o romance se passa em uma comunidade indígena de Ibirama, no Alto Vale do Itajaí. Mas não revela mais detalhes da obra.

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Confira a reportagem completa na Viver! da edição deste fim de semana do Jornal de Santa Catarina.