Diferente da maioria dos chefs da nova geração, Carlos Bertolazzi fez um caminho diferente em direção à gastronomia. Formado em administração, trabalhou no mercado financeiro, até se dar conta que sentia mais prazer cozinhando para os amigos. Partiu a para a Itália, onde estudou, e de lá não parou: trabalhou em Nova York e em Barcelona, onde dividiu a bancada com ninguém menos que Ferran Adrià no icônico El Bulli. Em 2009, de volta ao Brasil, abriu o Zena Caffé, que segue um sucesso nos Jardins.
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Mesmo começando mais tarde, o chef conquistou muito em pouco tempo. Hoje, aos 46 anos, já pode ser considerado um chef-celebridade, graças, também, a sua desenvoltura em frente às câmeras do Hell¿s Kitchen: Cozinha sob Pressão, programa do SBT que acaba de deixar, e o Homens Gourmet, na Fox Brasil. Filho de Alberto Bertolazzi, empresário à frente da Hering Harmônicas, de Blumenau, Carlos tem um relação especial com Santa Catarina e entre seus sonhos está um restaurante por aqui. Em Floripa, onde cozinhou ao lado de Alysson Müller no Artusi na última quarta (25), Bertolazzi conversou com a coluna.
Entre quais projetos se divide no momento?
Atualmente estou 100% focado no Zena, meu restaurante. Mesmo quando estou gravando não consigo me desgrudar dele. Tenho mais 2 sócios que tocam a operação diariamente e dividimos bem essa gestão.
Como decidiu se tornar cozinheiro e qual foi a sua trajetória?
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Trabalhava no mercado financeiro, mas não era feliz. Gostava de cozinhar para amigos, familiares e até mesmo clientes. Em 2005 resolvi mudar e parti em busca de conhecimento e experiência na Itália.
Como enxerga esse momento de popularização da gastronomia?
Restaurantes, pratos, chefs estão cada vez mais presentes nas redes sociais dos clientes. Isso faz com que cada um se torne um crítico com poder de comunicação amplo. Hoje, por exemplo, se atendemos mal um cliente, ou servimos um prato ruim, o alcance da crítica é muito maior. Então o cuidado é constante. Claro que tem suas vantagens. O boca a boca ganhou outra dimensão e essa popularização ajuda no movimento dos bons restaurantes.
Com base em uma longa experiência fora do Brasil, você já declarou que o brasileiro exige um atendimento impecável por aqui, mas quando vai para fora releva erros e demora na atendimento. Isso mudou?
Quem fala muito disso não sou só eu, mas o Luiz Américo Camargo, que era crítico do Estadão. Eu acho que novos tipos de estabelecimentos surgiram, muitas vezes bem informais, com uma cozinha ótima e o público está percebendo que não é necessária aquela atitude quase servil para se ter uma boa experiência.
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Soube que seu quitute mais famoso, a coxinha de pato, teve parte da inspiração em Santa Catarina e bombou em NY. Como foi essa história?
Ah sim. Sou muito amigo do pessoal da Vila Germania em Indaial e quando criei a coxinha pesquisei muito com eles a melhor forma de usar o pato pra fazer o recheio de forma a ter a qualidade que eu queria sem onerar muito o salgado.
E qual é a sua relação com Santa Catarina? Se fosse abrir um restaurante por aqui de que tipo seria?
Eu amo SC. Já morei aqui e considero sempre essa possibilidade. O Estado é um dos mais ricos do país com relação a insumos pra gastronomia. Desde pescados até vinhos finos, passando por embutidos. Um sonho? Sim! Quem sabe?
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¿A competição vai continuar com a firmeza que ela exige, mas tendo a delicadeza como receita principal¿. A informação no site do Hell’s Kitchen: Cozinha sob Pressão leva a crer que você teria sido substituído pela chef Danielle Dahoui por conta da sua conhecida dureza e exigência. Você recebeu esse feedback?
Sim. Foi uma decisão artística. Decidiram fazer uma temporada mais tranquila para aproveitar o embalo do Bake Off Brasil que está terminando e inicialmente chegaram a propor que eu pegasse mais leve. Depois pensaram que talvez a percepção das pessoas já era de um chef bastante duro e rigoroso, até meio nervoso. Então optaram por uma chef mulher, pra trazer essa delicadeza que estavam buscando no programa.
Nas redes sociais, lamentaram muito a sua saída, como você se sentiu deixando o reality?
É muito bom ter esse feedback das pessoas. Nem eu sabia que faria tanta falta, mas sai com a sensação de dever cumprido. O Hell’s Kitchen começou num horário menos favorável e passamos para o horário nobre já na segunda temporada. Também demos as primeiras vice-lideranças ao SBT nesse horário, coisa que não acontecia desde a estreia do programa de auditório da concorrência. Encerrei um ciclo e estou pronto pra novos desafios.
O SBT anunciou que você deve continuar na emissora. Já sabe quais são os projetos futuros?
Ainda não. Meu contrato com o SBT foi renovado, mas no momento, como disse, estou focado no Zena.
Prato favorito: strogonoff
Ingrediente mais versátil: alecrim
Quando em SC, você sempre come: cuca de banana