A ex-candidata à presidência, Marina Silva (Rede), criticou nesta sexta-feira, durante evento em Nova York, a forma como a política é feita no país e disse que é preciso acabar com o que chamou de “dualidade opositiva”, fazendo referência tanto aos partidos de oposição quanto aos de situação no Brasil.

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– Há uma insatisfação muito grande com a quantidade e qualidade da participação e representação política. Não se faz aquilo que é necessário, mas o que é conveniente. Estamos sacrificando os recursos de milhares de anos pelo lucro de algumas décadas – disse Marina, diante de uma plateia formada majoritariamente por acadêmicos brasileiros e estrangeiros na Universidade Columbia.

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– Não há como uma mudança dessa magnitude ser feita por apenas uma pessoa, um partido, um setor. É uma luta de todos ao mesmo tempo agora.

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Primeira palestrante desta sexta-feira no Lemann Dialogues 2015, evento promovido em parceria entre a Fundação Lemann e Columbia Global Centers Rio de Janeiro que este ano discute inovações em políticas públicas brasileiras, Marina Silva falou sobre sustentabilidade, crise, ajuste fiscal e reforma política no Brasil.

– É o atraso na política que está produzindo os problemas que temos no Brasil. O que está acontecendo é responsabilidade de todos nós – disse Marina, que também comentou as denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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– É no Conselho de Ética que ele terá a oportunidade de refutar as provas contundentes que ali estão apresentadas contra ele – avaliou.

A ex-candidata à presidência também aproveitou sua fala para abordar a criação de seu novo partido, a Rede Sustentabilidade.

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– A Rede não tem a pretensão de ser a resposta. Espero que possamos ser o partido da transição para novos processos – disse.

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Após a sua palestra, Marina falou com a reportagem e disse que apenas o ajuste fiscal não resolverá o problema do país.

– Tenho insistido na ideia de um ‘ajuste Brasil’ para que os cortes não prejudiquem as pessoas e que mude a ideia de governabilidade baseada na distribuição de cargos do Estado – disse.

– Não faz sentido fazer sacrifícios para emprestar dinheiro a juros baixos a meia dúzia de escolhidos do governo.

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Mariana

A ex-candidata também comentou o desabamento das barragens da Samarco, em Mariana.

– Não foi um acidente natural, mas um crime ambiental. Havia avaliações técnicas que já haviam notificado a empresa, que poderia ter tomado medidas, como barreiras de contenção, criando um sistema de alerta eficiente, treinando a população local, por exemplo – disse Marina.

Marina Silva iniciou sua carreira política em 1984 na CUT e já foi vereadora, deputada, senadora e ministra do Meio Ambiente em 2003, durante o governo Lula. Em 2014, concorreu à presidência da Brasil em aliança com o PSB, ficando em terceiro lugar na disputa. O Lemann Dialogues é promovido em parceria entre a Fundação Lemann e Columbia Global Centers Rio de Janeiro.

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*Estadão Conteúdo