A banda que o tornou famoso provavelmente nunca mais irá se reunir. O gênero musical que o consagrou não tem a mesma influência de antes. Suas turnês são tão irregulares quanto seu humor. Mesmo assim, cada vez que ele abre a boca, um pedaço do mundo se cala para ouvir. Seu nome é Morrissey. E, veja só, ele está de disco novo.

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Com previsão de lançamento mundial no iTunes para hoje, World Peace Is None of Your Business é o décimo álbum solo de Morrissey, inglês de sangue irlandês que se notabilizou como a voz e a poesia dos Smiths. Ícone dos anos 1980, o grupo terminou em 1987, deixando uma geração de fãs na eterna expectativa de uma reunião – que, a despeito do clamor popular, nunca deverá acontecer.

Ao invés disso, Morrissey parece cada vez mais confortável em carreira solo, aperfeiçoando sua habilidade como letrista e olhando para novos horizontes musicais. World Peace… segue tendo o rock de guitarras distorcidas como norte, mas acomoda com total naturalidade elementos de valsa (a faixa-título), overdubs (Neal Cassady Drops Dead), guitarra flamenca (Earth Is the Loneliest Planet) e música clássica (Oboe Concerto).

O olhar ácido e impiedoso sobre a condição humana – que o fez ser reconhecido pela crítica como um dos maiores letristas da música, no mesmo patamar de grandes escritores britânicos, como Oscar Wilde – permeia cada uma das 11 faixas do disco.

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Aos 55 anos, o músico é vegetariano convicto e se define como um humanossexual (“atraído por seres humanos, mas não muitos”). No disco, ele escreve pequenos hinos sobre o que mais o irrita em mulheres (Kick the Bride Down the Aisle) e homens (I?m Not a Man), cita o Brasil na faixa-título sobre desigualdade social, defende a vitória do touro na arena (The Bullfighter Dies) e critica as pressões sociais pequeno-burguesas (Staircase at the University).

O único porém é se poderemos desfrutar disso tudo de perto ou não. Nos últimos anos, as turnês de Morrissey, além de poucas, foram prejudicadas por questões de saúde ou problemas de logística – razão por que Porto Alegre foi cortada em sua última passagem pelo Brasil, em 2012.

Quem sabe em 2015?