Nesta quinta (30), a Nasa lançou mais uma de suas incansáveis missões marcianas. Mas esta tem sabor diferente, no estilo “O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas”. O rover Perseverance tem como foco o estudo das possibilidades de atividade biológica passada em Marte, enquanto pavimenta o caminho para o futuro da vida no planeta vermelho.

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O foguete Atlas 5 partiu na janela do dia, que se abriu às 8h50min (de Brasília). A partida foi da plataforma 41 da Estação da Força Aérea em Cabo Canaveral, Flórida (EUA), e deu início a uma jornada interplanetária de sete meses. O lançamento se dá em um regime pouco festivo, em meio à pandemia do novo coronavírus.

“Infelizmente não foi possível viajar para ver”, conta Ivair Gontijo, físico brasileiro do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa), em Pasadena, Califórnia, que participou do desenvolvimento da missão. “Somente um grupo muito pequeno que estará trabalhando no lançamento na Flórida. Então nós também vamos assistir de casa.”

Caso tudo corra bem, o jipe Perseverance, voando no interior de uma cápsula, deve realizar sua tentativa de pouso no mundo vizinho em 18 de fevereiro de 2021. Até lá, não terá por que sentir solidão, sabendo que voam a seu lado, praticamente na mesma trajetória de transferência da Terra a Marte, uma espaçonave dos Emirados Árabes Unidos e outra da China.

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Dos três participantes da jornada, aproveitando a janela que se abre a cada 26 meses para lançamentos até Marte (em razão do alinhamento planetário), a Nasa é a mais consistente e tradicional.

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Para dar uma ideia disso, nos últimos 24 anos, a agência espacial americana só deixou de usar a janela marciana em duas ocasiões, em 2009 e em 2016. Foram ao todo 12 lançamentos para Marte no período, e apenas 2 missões perdidas (Mars Climate Orbiter e Mars Polar Lander, em 1999). Neste século, a Nasa ainda tem de saber o que significa fracasso na exploração marciana.

O Perseverance (fazendo jus ao nome, perseverança) vai direto ao ponto, procurar sinais químicos fósseis de atividade microbiana no passado marciano. Para isso, ele vai descer na cratera Jezero, onde sabe-se que água se acumulou no passado remoto e que possui as características geológicas ideais para a possível preservação de sinais de vida antigos.

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Investigar as possibilidades de vida em Marte respondem ao chamado de uma das mais clássicas dúvidas a perseguir o ser humano: estamos sós no universo? Mas, para além disso, também aborda questões práticas. Algo na linha: o que estamos eticamente autorizados a fazer no planeta vermelho?

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* SALVADOR NOGUEIRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)