O vendaval que assolou o centrinho da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, na tarde de quarta-feira (16), causou pânico entre os moradores e turistas que circulavam pela região. Nesta quinta-feira (17), em meio aos trabalhos de limpeza e desobstrução das vias, muita gente ainda se recuperava do susto.
Continua depois da publicidade
A gerente do supermercado Chico, o local mais atingido pelas rajadas de vento que passaram dos 60 km/h, conta como foram os minutos de pânico em meio à destruição. De acordo com ela, todo o telhado foi arrastado e a fiação elétrica foi destruída, assim como os computadores da parte administrativa e os equipamentos das câmeras de segurança, além de algumas mercadorias.
— Foi terrível. Quando vimos, o vento já tinha "sugado" o telhado. Os clientes começaram a correr, houve gritaria, todo mundo apavorado. Hoje estamos vendo o prejuízo, o que aconteceu realmente. Graças a deus ninguém se machucou, o que é o mais importante. Os bens materiais a gente vai batalhar para recuperar — comenta Eliane Silveira.
O conselheiro do clube gaúcho Internacional, Alexandre Dornelles, de 36 anos, também estava no centrinho da Lagoa no momento do vendaval. Ele, a namorada Nanda e a filha dela, Clara, estão de férias e Santa Catarina e voltavam de um passeio na Costa da Lagoa quando a tempestade se formou.
Continua depois da publicidade
— Quando nosso barco estava chegando no ponto final (ponte das Rendeiras) começaram os relâmpagos e trovões, então corremos para o carro. Em questão de minutos a tempestade apertou muito e o carro começou a balançar. Eu olhei pra trás e falei: "Nanda, vai voar a tenda". Ela se apavorou e pediu pra eu sair com o carro. Quando eu dei a volta na quadra, já vi o cenário de destruição. Foi coisa muito rápida, parecia um tufão — relata Dornelles.
De fato, na Capital, o local mais atingido pelas pancadas de chuva de ontem foi a Lagoa da Conceição. Somente ali na região mais de 5 mil unidades consumidoras ficaram sem energia elétrica. Além dos estragos no supermercado Chico, o barracão da escola de samba União da Ilha foi levado pelo vento. Um carro também foi atingido por destroços. Apesar do susto, não houve registro de pessoas com ferimentos graves.
Restaurante serviu de abrigo
Na manhã desta quinta-feira, não havia outro assunto na Lagoa da Conceição. Só se falava sobre o vendaval que assolou a região com uma força incomum. Um dos locais que serviu de abrigo a quem estava na rua foi o restaurante Oliveira, vizinho de parede do supermercado Chico.
— Quando o vento bateu, foi muito barulho, tudo estralando. Tinha cliente querendo ir para a rua, mas eu falei para ficarem aqui dentro, porque era mais protegido. Aí o pessoal que estava na rua também correu aqui pra dentro — conta Euletério Schmidt, de 50 anos, proprietário do estabelecimento.
Continua depois da publicidade
15 toneladas de escombros
Tão logo a tempestade passou, equipes da Comcap, Defesa Civil, Secretaria de Infraestrutura e Intendência da Lagoa se deslocaram para o local. De acordo com o intendente do bairro, João Carlos da Cunha, haviam cerca de 200 pessoas na praça Bento Silvério, nas imediações do supermercado Chico e sob o telhado da antiga Casa das Máquinas, os pontos mais atingidos.
— Por sorte ninguém se feriu gravemente. O maior problema foi o destelhamento e a queda da rede elétrica, além de um carro que foi atingido. Vamos entrar em contato com a Fundação Franklin Cascaes, que é o órgão que gerencia a antiga Casa das Máquinas, para ver como poderá ser refeita a parte do telhado que foi atingida pelos escombros do supermercado — disse o intendente.
Ainda na noite de quarta-feira, cerca de 30 trabalhadores da Comcap foram ao local para remover os escombros. Na manhã desta quinta-feira, mais 40 trabalhadores da autarquia voltaram ao centro da Lagoa para finalizar o serviço de limpeza.
— Foram retiradas cerca de 15 toneladas de escombros. O trabalho agora está focado em coisas menores, como lavação das ruas, poda das árvores mais atingidas e o desentupimento de bueiros, porque há previsão de mais chuva hoje — afirma o assessor da diretoria operacional da Comcap, Luis Prates.
Continua depois da publicidade
Tempestade de verão
Muitos moradores e turistas relataram o que parecia ser um pequeno tornado. Entretanto, de acordo com o meteorologista da NSC, Leandro Puchalski, o forte vendaval de ontem não chegou a caracterizar a formação de um tornado.
— Como foi bem localizado, pelo tipo de destruição que houve e pelos dados meteorológicos, o vento foi de 60 km/h. O que a gente teve foi uma tempestade de verão: a temperatura estava muito alta e formou nuvens carregadas que se deslocaram em direção ao mar. Talvez os morros no entorno da Lagoa tenham intensificado alguma nuvem, formando as rajadas de vento — explica Puchalski.
Previsão de mais chuva
O forte calor e a alta umidade ao longo desta quinta-feira devem gerar novas nuvens carregadas no fim da tarde. De acordo com Leandro Puchalski, a previsão é de que haja chuva forte hoje, amanhã e sábado.
— Todo aquecimento da superfície vai subindo e intensificando as nuvens. Assim, no final de tarde teremos as pancadas de chuvas.
Continua depois da publicidade
Ainda segundo o meteorologista, é possível ter a previsão do tempo estendida, que vai do início da manhã até o final da tarde, mas é difícil saber com antecedência onde exatamente essas nuvens vão se formar.
— Aí, só monitorando pelos radares. Então, a dica é para as pessoas monitorarem os alertas de curtíssimo prazo ao longo do dia (emitidos pela Epagri/Ciram e pela Defesa Civil). Se a pessoa não tem condição de fazer esse monitoramento, é preciso ficar atento. Se vir nuvens mais carregadas se formando, o ideal é não se expor em lugares abertos — indica Puchalski.