A volta do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), na tarde de terça-feira, foi novamente pautada por um discurso de busca pela conciliação. A exemplo de quando foi empossado no cargo, também na Alesc, Moisés defendeu a integração entre os poderes durante a leitura da mensagem anual. Em um gesto simbólico, ele entregou a mensagem em um pendrive ao presidente do Legislativo, o deputado Julio Garcia (PSD). Foi uma forma do governo expressar o compromisso de digitalizar e simplificar processos a partir da redução do consumo de papel.

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— O principal motivo da nossa mensagem é trazer para os parlamentares a ideia de trabalhar em conjunto com a Assembleia para atingir todos os objetivos do nosso Estado. Objetivos republicanos. Nós somos agora do partido de Santa Catarina — declarou em entrevista.

Após a fala de Moisés, Julio Garcia destacou a autonomia e as diversas frentes ideológicas da nova legislatura.

— Todas as propostas aqui serão recebidas, aprofundadas e debatidas com interesse, responsabilidade e com independência, como preconiza nossa Constituição — reforçou.

Discursos à parte, é nas próximas semanas que os parlamentares darão mostras de como será a relação entre o Palácio Barriga Verde e o Centro Administrativo. Além da proposta de reforma administrativa, uma prioridade da gestão Moisés, os deputados terão de se posicionar sobre temas controversos, como as emendas impositivas de 2017 que foram vetadas do orçamento deste ano pelo novo governo. O que está em jogo são aproximadamente R$ 200 milhões em obras e ações indicadas pelos próprios deputados. Como não saíram do papel no ano passado, as emendas foram reincluídas no orçamento deste ano pelo Legislativo. Mas o governo vetou por entender que a execução retroativa das emendas seria inconstitucional. Caberá aos deputados manter ou derrubar o veto.

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Líder do governo na Alesc, o coronel Onir Mocellin (PSL) defende que esse e outros vetos foram pautados pela análise legal.

— A maioria dos vetos é de vícios de origem. Analisei caso a caso, praticamente todos eles são de questões legais. Não é uma questão de querer ou não vetar — diz.

Para Mocellin, o compromisso anunciado de respeitar a autonomia do Legislativo vai exigir tratativas permanentes parte do governo.

— Nas gestões anteriores, já se sabia de antemão quais deputados votariam favoráveis ao governo. O governo Moisés foi eleito se comprometendo a não fazer esse toma lá, dá cá. A gente sabe que isto tem uma consequência, não temos como prever se um deputado vota favorável ou não. Por isso, a importância de muito diálogo — aponta.

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Em seu terceiro mandato na Alesc, a deputada Luciane Carminatti (PT) reconhece que o novo governo tem se mostrado aberto ao diálogo, mas pondera que o mesmo ocorreu no início das últimas gestões, sem um entendimento efetivo na sequência do mandato.

— Tem questões que não vamos abrir mão, que são princípios para nós, e tem questões que não são consenso na relação com o governo. Haverá, sim, uma posição muito firme, muito dura, mas sempre muito respeitosa — destaca Carminatti.