Milhares de agricultores do sudeste da Espanha marcharam nesta quarta-feira (7) em Madri para pedir ajuda ao governo diante da forte seca que ameaça colheitas e postos de trabalho nesta região conhecida como “horta da Europa”.
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A região entre Alicante, Murcia e Almería, no Levante espanhol, onde se produz grande parte das frutas e vegetais exportados para o resto da Europa, sofreu muito com a falta de água. A Espanha atravessa uma de suas piores secas desde o começo da década de 1980.
“No Levante sem água, deserto e desemprego. Defendemos a horta da Europa”, dizia um cartaz da marcha na capital espanhola.
“Cortaram 80% (do fornecimento) de água”, disse à AFP José Antonio Díaz, gerente de 38 anos de uma empresa agrícola que cultiva alface e melancia em Almería e Murcia.
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Por isso, só se pode cultivar entre 15% e 20% do que normalmente é produzido, uma situação “surreal”.
Díaz conta que alguns agricultores estão considerando inclusive migrar uma parte de sua produção para o sul da França, na região de Montpellier, onde a água é abundante.
“Em 39 anos, nunca vi um ano tão grave quanto este”, garantiu Pepe Rodríguez, agricultor de 59 anos da região de Murcia.
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“A falta de água está tendo um impacto importante nos cultivos (…), embora os que estavam em pior situação fossem os pecuaristas”, devido à má qualidade da grama para os animais, disse à AFP Antonio Morente, porta-voz do conselho de Agropecuária da Andaluzia, uma das regiões afetadas.
Além da falta de chuva, há uma “situação estrutural” com as “obras pendentes do governo central projetadas há anos, mas não executadas”, disse Morente, acrescentando que a Andaluzia está preparando um decreto de seca para melhorar o uso da água e criar ajudas aos produtores.
As reservas de água das bacias do Júcar e Segura, os dois principais rios que atravessam o sudeste da Espanha, estão com 27,7% e 17,6% da capacidade, de acordo com os últimos números oficiais divulgados nesta terça-feira.
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* AFP