Diferentemente da complexidade dos passes, dribles, arrancadas e lançamentos de um camisa 10 de Seleção Brasileira, Oscar sugere:

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– Me liga daqui a uma hora, daí podemos conversar melhor.

Passado o tempo, volta a atender o telefone com a simplicidade conhecida dos tempos de Beira-Rio:

– Agora, sim, pode falar, mas estou em meio a um jantar. Se cair, me liga de novo.

Em dois meses de Chelsea, o ex-meia do Inter caiu nas graças de crítica e público ingleses depois de desferir uma meia-lua de calcanhar em ninguém mais ninguém menos que Pirlo – volante multicampeão por Milan e Juventus e pela seleção italiana. Admite, no entanto, que a intenção era apenas levar a bola para o meio e arrematar de perna direita:

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– Queria passar para o lado. Deu certo. Fiz um belo gol. Um dos mais bonitos da minha carreira – lembra, ao falar do lance anterior ao chute certeiro, no ângulo de Buffon, no último dia 19, na abertura da Liga dos Campões, contra a Juventus.

Negociado pelo Inter em meio à Olimpíada de Londres por 26,5 milhões de euros (cerca de R$ 65 milhões), não hesita em afirmar que a Liga dos Campeões é o grande objetivo. Sabe dos obstáculos que existem no caminho inglês rumo ao bicampeonato. Cita o fato de o time ter estreado contra a poderosa Juventus.

Oscar lembra que a Seleção segue na pauta. Na cartilha de um futuro nada distante, a projeção é ter boas atuações em amistosos e fazer uma excelente Copa das Confederações.

– Assim, vamos chamar a torcida com a gente e mostrar que estamos fortes para chegar em 2014 e, quem sabe, conquistar a Copa do Mundo – sonha o atual camisa 10 da Seleção.

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Questionado sobre o fato de talvez um dia retornar ao futebol brasileiro, Oscar é direto:

– Se um dia eu voltar ao Brasil, o primeiro time é o Inter. Foi um time que me acolheu muito bem. Gosto muito de Porto Alegre.

O futebol da Premier League

“Pronto” para jogar. Assim Oscar se autodescreve quanto questionado sobre a adaptação ao futebol inglês. Confessa que ainda precisa se acostumar com o que acontece dentro e fora de campo na Inglaterra, mas acredita que o estilo de jogo moldado ainda no Brasil – com toques rápidos e curtos – o auxilia a superar dificuldades.

– Aperfeiçoei muito o toque rápido no Inter. Cheguei aqui “pronto” para jogar. Ainda estou me adaptando. O futebol aqui é muito mais rápido e dinâmico – conta.

Um dos motivos para a maior velocidade e dinamismo é o fato de os gramados serem molhados antes de todas as partidas. A bola, desta forma, corre mais. Os chutes de longa distância, os cruzamentos e lançamentos são mais utilizados.

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– Nem tenho o que falar. Todos os campos em que joguei, aqui, são perfeitos. Tanto que, no Brasil, eu usava apenas chuteiras com travas de borracha. Aqui, uso mista (borracha e alumínio) – ressalta Oscar, atualmente com sete jogos pelo Chelsea: quatro pela Premier League, um pela Copa da Liga Inglesa, um pela Liga dos Campeões e outro na Supercopa Europeia.

A vida na cidade

Enquanto o inverno não chega, Oscar aprecia uma Londres tipicamente outonal no bairro de Battersea Park, ao lado de Chelsea, no centro-sul da capital inglesa.

Com clima ameno e dias ainda frequentes de sol, ele desfruta dos restaurantes com a mulher e troca constantes ideias com o zagueiro David Luiz e o volante Ramires, os outros brasileiros do time. O atacante espanhol Mata e o zagueiro português Paulo Ferreira também fazem parte do grupo.

– É bom que tenha brasileiros e espanhóis. Ajuda bastante. Os ingleses são mais fechados no início, mas, com o tempo, eles começam a brincar também. Penso que seja igual ao Brasil.

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A rotina é composta por treinos que duram entre uma hora e uma hora e meia durante quase todas as manhãs dos dias úteis. Depois do treino, aula de inglês, que também se estende por até uma hora e meia.

– Já estou começando a entender mais o pessoal. No dia a dia, a gente se vira e fala – diz. – E, por enquanto, não tem muita chuva. A temperatura ainda não baixou. Está tranquilo. Mas sei que o pessoal fala que escurece mais cedo no inverno (por volta de 16h). Me acostumei um pouco com Porto Alegre, então não tendo a sofrer tanto assim – complementa.

A trajetória no RS

Hoje com 21 anos, Oscar chegou ao Inter em 2010. Ganhou notoriedade nos treinamentos e, ano passado, tornou-se absoluto durante a Libertadores. Em 70 jogos, marcou 19 gols. Foi campeão gaúcho em 2011 e 2012, além da Recopa Sul-Americana, também em 2011.

Despediu-se do clube no dia 7 de julho, no Beira-Rio, contra o Cruzeiro. Marcou um gol. Da vida no Estado, sente saudade dos amigos, do cinema, de restaurantes e churrascarias.

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