Um livro cujo formato é quase artesanal. Na capa, uma imagem um pouco desfocada mostra o famoso letreiro da capital mundial do cinema. “Diário do Impossível” é o título escolhido por Marcelo Porto Brasil, que na escrita solta não se revela um escritor promissor, mas divide uma grande história.
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O relato da publicação começa em março do ano passado, embora a trajetória que possa interessar ao leitor tenha começada mesmo em 2010.
– O livro foi uma forma de mostrar para as pessoas que eu consegui – principalmente para quem não acreditava em mim -, dar um retorno para todos que me ajudaram e contribuir financeiramente para eu finalizar o documentário sobre a realização do meu sonho – justifica o autor, de 30 anos, que vende a publicação pelas ruas de Joinville e pela sua página pessoal no Facebook.
O futuro vídeo, para o qual Marcelo já tem 40 horas de gravação, pretende ser a prova que o ator, que morou por dez meses nas ruas, chegou ao tão desejado destino – o qual ele costumava profetizar quando perambulava pelo Estado, vestido de Batman, com um porção de cópias de um curta que ele próprio produziu e atuou.
– Foram esses DVDs – exatos 851 -, e mais algumas doações que fizeram com que Marcelo juntasse a quantia de R$ 10 mil, o suficiente para que ele custeasse um curso de duas semanas em Hollywood, sonho realizado em outubro de 2011.
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Aos trancos e barrancos – entre difíceis barreiras para conseguir o visto e dedicados estudos da língua inglesa -, Marcelo, apoiado pela mulher Kátia e pelos quatro filhos, chegou ao destino e teve aulas de interpretação com Rigg Kennedy, professor da escola Hollywood Film and Acting.
– Foi um sonho. Lá, conheci pessoas que prometeram ajudar se eu levasse esse documentário pronto – conta o ator, que chegou a encaminhar um projeto para o Ministério da Cultura, e aguarda a aprovação para captação de R$ 45 mil.
Hoje, ele também conta com a venda de “Diário do Impossível”. Cada cópia impressa sai por R$ 35.
O retorno depois dos proveitosos dias que Marcelo passou pela capital do cinema foi duas recentes audições. O ator continua em Joinville, mas quer voltar para Hollywood a trabalho.
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– Agora meu objetivo é terminar o documentário, como uma forma de agradecimento e pagar a minha dívida com a sociedade – diz.
Marcelo nasceu em Porto Alegre. Perdeu a mãe aos 15 anos e passou dificuldades que o levaram às ruas. Viveu dez meses como mendigo até ser adotado por um família de Blumenau.
Em Santa Catarina, começou a estudar teatro no Teatro Carlos Gomes, em 2004. Chegou a formar sua própria companhia, o Grupo Zohra de Teatro.
Desde que estabeleceu a meta de chegar aos EUA, Marcelo percorreu 32 cidades, de ônibus e bicicleta, arrecadando o dinheiro que também ajudava a manter a família.
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– Comecei a me vestir de Batman porque assim chamava mais a atenção. Era uma fantasia improvisada. Na época, fazia só uma refeição por dia, nem sempre conseguia tomar banho e algumas vezes era visto com maus olhos – relata.
Joinville foi a última cidade percorrida por Marcelo, e onde ele se instalou há quase um ano.
– Resolvi parar por aqui para descansar, já tinha conseguido todo o dinheiro e precisava me organizar para a viagem – lembra o ator, que pretende retornar em breve a Los Angeles.