“A saúde é subversiva porque ela não dá lucro pra ninguém”. Parafraseando a jornalista Sonia Hirsch, a apresentadora Bela Gil conversou com a imprensa pouco antes do bate-papo “Alimentação e Sustentabilidade: por que estamos tão longe do ideal?”, de lançamento da 10ª Semana Lixo Zero de Joinville. Entre os temas abordados, a ativista falou sobre produção orgânica, culinária caseira e o papel do governo Lula no plano de alimentação saudável. A conversa aconteceu no auditório da Unisociesc na terça-feira (12), que ficou lotado para prestigiar a convidada.
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Para Bela Gil, quando se diz respeito a alimentar-se de forma saudável, ainda estamos longe do ideal. Ela acredita que, para todos terem acesso a uma comida de qualidade é necessário que haja uma iniciativa coletiva, com envolvimento do poder público e consciência das pessoas.
— Entendendo que o que a gente coloca pra dentro tem um impacto muito grande no meio ambiente, na sociedade como um todo. Acho que eventos como esse [Semana Lixo Zero], que trazem uma consciência muito grande pras pessoas, são superimportantes pra gente poder disseminar a alimentação saudável e pressionar também o poder público, pra que a gente não tenha só comida na mesa das pessoas, mas comida de qualidade — destacou Bela Gil.
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Em janeiro deste ano, a chef de cozinha foi convidada a assumir a secretaria nacional de alimentação saudável, no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), mas recusou a proposta. Mesmo assim, diz que mantém contato próximo ao ministro Paulo Teixeira e presta consultoria técnica à pasta.
Bela destacou o papel do governo Lula, que desde a primeira gestão, lá em 2003, entrou com a promessa de tirar o país do mapa da fome. Ela ressalta que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas mesmo assim há 33 milhões de brasileiros em vulnerabilidade alimentar. A ativista entende que há desafios impostos aos governos no que diz respeito a este tema, como pressão das indústrias, por exemplo, mas diz que é preciso ser feito “o que está ao nosso alcance”.
— A fome não é um problema técnico, e sim um problema político. A comida só não chega na mesa de quem precisa porque tem corporações, empresas e políticas que preferem o lucro. A fome é uma ferramenta de manipulação. As pessoas com fome perdem a dignidade, aceitam qualquer emprego, qualquer comida. Uma população com a barriga cheia e dignidade pode fazer suas escolhas — pontua.
Veja fotos de Bela Gil no lançamento do evento
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Alimentos ultraprocessados são “falsamente baratos” e bastante prejudiciais
Durante o bate-papo, Bela Gil citou dados alarmantes: conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 57 mil pessoas morrem prematuramente a cada ano no país vítimas de doenças ocasionadas por alimentos ultraprocessados.
Ela destaca o potencial maléfico desses produtos e diz que o agronegócio é muito forte no país e, consequentemente, a utilização de insumos químicos, como agrotóxicos. Para ela, é necessário romper este padrão e fomentar uma transição agroecológica dos pequenos e até grandes produtores.
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— Hoje, a gente sabe que o Brasil dá de isenção fiscal para o setor de agrotóxico quase 30%. A gente deixa de arrecadar R$ 10 bilhões por ano para os cofres públicos pra incentivar uma produção à base de monoculturas com sementes transgênicas, com agrotóxicos, que são a base dos ingredientes dos produtos ultraprocessados, como soja, milho, trigo e cana de açúcar — argumenta.
Toda esse processo faz com que esses alimentos cheguem às prateleiras de supermercados de forma mais fácil, já que os itens empacotados têm um custo menor que os orgânicos. Mas Bela defende que este tipo de comida é “falsamente barata”.
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— É importante que as pessoas entendam porque que um alimento ultraprocessado é muito barato. Ali, dentro de um pacotinho de produto, a gente não valora ainda a exploração ambiental, a exploração social humana que esses alimentos se utilizam pra chegarem na mesa com um preço baixo. Então, essa lógica tem que mudar para que a gente consiga entender que um tomate orgânico vale exatamente aquilo que ele é. Ele não é mais caro, é que o ultraprocessado é falsamente barato, essa que é a questão — complementa.
Mesmo defendendo a importância da alimentação saudável, a apresentadora entende que produtos orgânicos são mais caros e, portanto, pouco acessíveis a famílias mais carentes. Para mudar isso, além do incentivo de governos para a produção de orgânicos, é preciso também contar com a conscientização da população no que diz respeito aos malefícios desses produtos.
— A má alimentação no Brasil é um problema estrutural, então não podemos resolver isso de uma maneira individual. A gente precisa dar às pessoas da possibilidade, a oportunidade, de fazer este tipo de mudança. Parece simples, mas a solução é muito complexa porque precisa de muitos atores pra que isso aconteça.
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