O Dia dos Namorados vem aí… É na quarta- feira, tradicional dia do sofá. Será que ainda tem casalzinho que namora no sofá da sala, às vistas do pai, da mãe, da avó ou então daquele irmãozinho mais novo, que o pai mandava ficar por ali, ” segurando vela”, para evitar um amasso um pouco mais audacioso? Ah, que era bom namorar no sofá, isso era. Em homenagem à data, pequenos diálogos sobre o Dia dos Namorados, acompanhando um casal que vai amadurecendo junto… Quando os apaixonados têm 15 anos de idade:

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– Fofucha, o que você vai me dar de presente?

– Ai, Fofucho, tipo assim, sei lá. E tu?

– Ai, tipo assim, sei lá também. O que você quer?

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– Ai, não sei. Um beijo e abraço tá bom. Só quero tu, tipo, só pra mim.

– Pô, Fofucha. Eu ia dizer isso, não vale.

– Tu não queres nem um chocolatinho?

– Pô, chocolate, engorda. Sacanagem.

– Tá Fofucha, foi mal. Tipo, não dou então.

– Ah, mas agora eu fiquei querendo. Pode ser chocolate. Mas tem que ser trufa.

– Pô, trufa é caro, meu. A grana não dá. Não pode ser só o beijo e o abraço?

– Ah, agora vai negar o chocolate, Fofucho? Pô.

Quando eles têm 20:

– Amoreco, o que você vai me dar na quarta- feira?

– Puxa, minha linda, você sabe que a bolsa do estágio é só de RS 500. Não dá pra te dar nada caro. Eu adoraria te dar uma joia, mas não posso. O que você quer ganhar? – Ah, sei lá, só uma lembrancinha…

– Tipo um cartão, com um texto bonito?

– Mas só um cartão?

– Quem sabe um cartão e uma rosa? Melhorou?

– É bom, mas… Sem nenhuma surpresinha?

– Se você não tivesse perguntado, eu teria dado o cartão e a rosa de surpresa. Agora estragou tudo.

– Então, trate de achar mais alguma coisinha pra montar este kit… Mas não me conta, que eu não quero saber! Aos 25, perto do casamento:

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– Amor, então fica combinado. Este ano nada de presente no Dia dos Namorados. Juntamos o dinheiro que iríamos gastar com jantar e presentes e vamos comprar os móveis que faltam para montar o apartamento.

– Aceito, mas pelo menos umas flores eu acho que mereço… Aos 30, após o nascimento do primeiro filho:

– João, sabe que dia é amanhã?

– Não faço nem ideia, Ana, por quê?

– É o Dia dos Namorados. Nós não vamos fazer nada?

– Como? Amanhã é quarta, tua mãe já disse que na quarta ela dá aula e não pode ficar com o guri, a babá também não vem na quarta, eu chego quase nove da noite em casa, podre de cansado, e você nesta hora termina de amamentar e se atira na cama, mal consegue jantar e dormir um pouco até a próxima mamada. Namorar é verbo que não se conjuga mais nesta casa há muito tempo.

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– Calma João, um dia isso passa… Eu vou pelo menos ganhar um presente?

– Você está ficando espertinha, quer presente no Dia das Mães e dos Namorados… O que você quer?

– Mais um sutiã destes que tem janelinha… É tão fácil para abrir na hora de amamentar… Aos 50, após estar com todos os filhos adultos:

– Joãozinho, sabe que dia é amanhã?

– Claro, quarta- feira, dia de jogão na TV!

– Não, querido, é o Dia dos Namorados.

– Claro, eu estou brincando. Eu não esqueci. Amanhã vou comprar um buquê de flores pra ti.

– Ah, mas eu queria fazer uma coisa diferente, ir a um restaurante legal, ver gente, dar risadas, ver nossos amigos, sair um pouco da rotina. Nós nunca fizemos nada diferente, nossa vida é totalmente previsível.

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– Mas tem que ser justamente amanhã, quando tem jogo na TV?

– Tá, tá, esquece. Perto dos 80, depois de uma vida inteira juntos:

– Meu velho, sabe que dia é amanhã?

– Hein?

– Que dia é amanhã?

– Amanhã? É quarta, dia 12 de junho. A gente tem médico marcado?

– Não, é outra coisa.

– Dentista?

– Não, outra coisa.

– O INSS vai pagar mais cedo este mês?

– Desisto, amanhã é o Dia dos Namorados.

– Ah, grande coisa. E nós temos namorado, por acaso?

– Deixa, velho, deixa, vem tomar tua sopinha.

– Eu vou, mas só se você me der um beijinho.