Havana marcha em tributo a Hugo Chávez. Desde as 8h (9h30min no horário de Brasília), milhares de cubanos formam uma fila quilométrica para acessar o Memorial Jose Martí, na histórica Praça da Revolução, e prestar condolências pela morte do presidente venezuelano.

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Considerado um “filho de Cuba” pelo governo local, Chávez recebe homenagens em todo o pais. Em Santiago de Cuba, na parte leste da ilha, o presidente Raúl Castro prestou seu tributo pela manha. Na capital, a concentração de pessoas expressou a importância do lider venezuelano para muitos cubanos.

– Chávez resgatou o orgulho latino, enfrentou os Estados Unidos e sempre foi proximo de Cuba, um importante parceiro economico – explica o engenheiro Jesus Batle, enquanto aguardava na fila para chegar ao memorial.

A multidão marchou de diferentes partes de Havana. Pela manhã, centenas de pessoas se concentravam em frente ao Capitólio, um dos pontos de partida até a Praça da Revolução. Sob sol intenso, guarda-chuvas eram usados em busca de sombra, necessária para enfrentar a espera média de quatro horas até chegar ao memorial e assinar o livro de condolências.

A fila trazia estudantes, militares e civis, crianças, adultos e idosos, alguns com bandeiras ou bonés da Venezuela. Além de manter o discurso anti Estados Unidos, Chávez, que fez seu tratamento em Cuba e visitava a ilha com frequência, recebe aplausos por sua cooperação financeira e pelas remessas de petróleo que evitam um colapso na ilha.

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– Sem Chávez não teriamos petróleo, seria o caos – diz uma taxista.

O governo, que cobra dos cidadãos a presença na marcha, parte das cerimônias do luto nacional que se encerra na sexta-feira, segue enaltecendo o lider venezuelano. Na edição de quinta, o jornal oficial Granma voltou a destacar os feitos de Chávez, apresentado em uma reportagem como “revolucionário universal”. O periódico tambem trouxe o discurso de Miguel Díaz-Canel, primeiro vice-presidente do Conselho de Estado e Ministros, que lamentou na quarta a morte de Chávez.

– Deixo nosso abraço comovido para o bravo povo que chora a perda de seu mais nobre e generoso filho – discursou.

O luto nacional mantém fechado até sexta as casas noturnas, os bares, teatros e cinemas. Pontos famosos da capital, como o cinema La Rampla, esta com as portas cerradas. A venda de bebidas alcoólicas em mercados tambem está proibida ate amanhã, quando, às 10h, haverá uma salva de 21 tiros na fortaleza de San Carlos de La Habana. No entanto, apesar de tantas manifestações de solidariedade ao povo venezuelano, o presidente morto não aparece como unanimidade. Mais calados e espiados, alguns cubanos criticam sua forma de governo. Contudo, seguem na marcha.

– Chávez não era santo, mas, em Cuba, a gente não costuma falar muito o que pensa – sussurra o guia turístico Yoel Mora.

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