Diretor do Arquivo Gerhard Richter, em Dresden, na Alemanha, Dietmar Elger é biógrafo do artista, um dos pintores mais importantes em atividade no mundo. A exposição Sinopse, em cartaz até 26 de fevereiro de 2012, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, faz um apanhado da produção de Richter desde a década de 1970. São 27 obras selecionadas pelo próprio artista.
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Entre os livros de Elger publicados no Brasil estão Expressionismo e Dadaísmo (ambos pela Taschen). Por e-mail, o biógrafo e pesquisador fala sobre a obra de Richter:
Zero Hora – A produção de Richter é multifacetada. Na exposição, há tanto suas pinturas-fotografias quanto suas pinturas abstratas. As obras de Richter tentam superar a distinção entre as abordagens figurativas e abstratas?
Dietmar Elger – Está correto, e essa também é uma questão principal nesta exposição. Em várias destas obras, motivos figurativos e estruturas abstratas se sobrepõem para compor uma nova realidade, como é especialmente visível em Hood (1996) e Kassel (1992). Mas obras como Ophelia e Guildenstern (ambas de 1998) também podem ser mencionadas nesse contexto. Elas parecem abstratas, mas são imagens fotográficas de detalhes de uma pintura, ampliadas ao extremo.
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ZH – Richter lida com a história, como a Segunda Guerra e o 11 de Setembro, e com a memória pessoal, como nos retratos de seu tio e de sua filha. Como o senhor analisa a maneira pela qual estas duas instâncias se relacionam em seus trabalhos?
Elger – Nestes trabalhos, o privado é também político, e a imagem da história também sempre se refere à vida pessoal de Richter. De alguma forma, é similar à questão sobre figuração e abstração, tudo está entrelaçado entre si.
ZH – Ao lado de Sigmar Polke e Konrad Lueg, Richter é lembrado pelo termo “realismo capitalista”. Embora tenha sido uma expressão irônica para brincar com o realismo socialista, qual é o legado desse termo hoje?
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Elger – Richter usou esse termo apenas para uma exposição que os artistas organizaram juntos em 1963. Ele nunca ficou contente com seu uso contínuo para outros projetos e para outras constelações de artistas. Foi especialmente o galerista de Berlim, René Block, quem o usou para seus artistas, colecionando também artistas como K.P. Brehmer e Wolf Vostell sob este termo.
Sinopse
Gerhard Richter
> Visitação de terça a domingo, das 10h às 19h. Até 26 de fevereiro de 2012. Entrada franca.
> Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Praça da Alfândega, s/nº), em Porto Alegre, fone (51) 3227-2311.
> A exposição: reunião de 27 obras do artista contemporâneo alemão Gerhard Richter (1932), um dos pintores mais importantes da atualidade. A mostra apresenta um panorama das diferentes técnicas com as quais ele tem trabalhado desde a década de 1960.
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