Apesar de pegar de surpresa os organizadores do desfile cívico, do Folianópolis e do catarinense de arrancadão, a investigação da Defesa Civil, que resultou na interdição da passarela Nego Quirido, começou na quarta semana de julho, através de uma denúncia via 199. Ao mesmo tempo, moradores de rua eram atendidos no local para se proteger do frio extremo. Eles não corriam risco, garante Leandro Antônio Floriano, responsável pela estrutura.
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>>> Confira fotos dos problemas
Os problemas se concentram principalmente nas partes de ferro das arquibancadas. Corrimãos soltos, facilmente retirados do lugar por uma pessoa e guarda-corpos corroídos pela maresia dão o tom da insegurança na Nego Quirido. Nem mesmo os camarotes estão sem problemas. A proteção para que as pessoas não caiam é similar àquelas usadas nas passarelas para pedestres nas rodovias. No caso de se encher as passarelas, a chance de uma tragédia seria grande.
Além do problema nos guarda-corpos, vários camarotes apresentam paredes com rachaduras e infiltrações. A fiação elétrica está exposta em alguns pontos e a chuva entra através dela, causando fissuras em vários locais. Uma das janelas chegou a ser amarrada com uma corda para que não caísse.
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Ainda sim, em 2013 os bombeiros liberaram o uso destes locais para o Carna Facul, que aconteceu em maio. Atualmente o Centro Pop, que atende moradores de rua, continua funcionando no local, no térreo, onde não existem problemas de segurança. Leandro ressalta que durante a semana de frio extremo, as pessoas abrigadas ali não puderam subir aos outros andares, onde estão os guarda-corpos enferrujados e janelas soltas.
Prejuízo de 5 milhões
Leandro diz que a prefeitura ainda não tem um levantamento exato de quanto se gasta por mês para manter a passarela. Atualmente a estrutura possui três funcionários e apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar para controlar invasões, corriqueiras no local.
O Secretário de Comunicação, João Cavalazzi, disse que um levantamento preliminar indica que é necessário investir cerca de R$ 5 milhões para a reforma. A última, feita em 2010, havia sido orçada em R$ 6,5 milhões. As quatro empresas que realizaram a obra foram notificadas judicialmente pela Secretaria de Obras, já que havia uma garantia de 5 anos pelos serviços prestados. Caso uma medida não seja tomada pelas empreiteiras, será necessário fazer um edital para possibilitar os reparos.
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Eventos programados para o local se adequam ou desistem
A organização do Folianópolis recebeu com surpresa a interdição da Nego Quirido, uma vez que o local havia sido reformado dois anos atrás. O evento que ocorre no local desde 2006 já tem contrato fechado com a prefeitura desde junho. A secretária de turismo, Maria Claudia Evangelista, diz que os reparos necessários para a micareta acontecer devem ser feitos até a data contratada, em novembro.
Ao todo, o evento movimento cerca de R$ 12 milhões na economia e recebem mais de 10 mil turistas. Segundo a empresa que organiza o Florianópolis, os artistas estão garantidos e se a Nego Quirido não for liberada, o evento acontecerá em outro lugar.
Já outros eventos, como catarinense de arrancadão precisaram ser cancelados. O organizador do evento automobilístico, Clodoaldo Zonta, disse que não existe outra opção para realizar a competição que aconteceria nos dias 14 e 15 de setembro.
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Sucessão de desinformações
A dois dias do 7 de setembro, a organização do desfile cívico recebeu a informação que a Nego Quirido foi interditada. Então se fez necessário um plano B, que reduziu o desfile pela metade, excluindo todos os 1,2 mil alunos de 12 escolas que marchariam na passarela.
A secretária de Turismo, Maria Claudia Evangelista, responsável pela estrutura, disse que o parecer da Defesa Civil pedindo pela interdição da passarela foi emitido dia 3 de setembro. Na tarde de ontem, porém, poucas pessoas dentro da prefeitura sabiam sobre o fato. O município decidiu que a Nego Quirido estará fechada apenas para eventos, sendo que o Centro Pop segue funcionando normalmente.