Maria Fernanda Cândido esteve em ponte aérea intensa entre São Paulo e Floripa desde dezembro até a última semana. No início veio para os ensaios, depois para a gravação do longa- metragem de suspense Celulares, de Jeferson De, produzido pela catarinense Contraponto. Antes de desembarcar não conhecia quase ninguém da equipe, rapidamente criou laços de amizade. Afetuosa, sem estrelismo e de uma amabilidade encantadora, a atriz emocionou e ficou emocionada. Antes de ir embora fez questão de se despedir de cada profissional, a maioria deles de Santa Catarina.
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Nascida em Londrina, durante a entrevista concedida no set de filmagem ela lembrou dos tempos de infância e adolescência, quando passava as férias nas praias do litoral catarinense. Casada, mãe de dois filhos, Maria Fernanda é reservada no assunto família. Foi modelo no início da carreira. Sua formação é voltada para o cinema, mas atua também em teatro e TV na Rede Globo desde que explodiu como a italiana Paola em Terra Nostra. Também tem atuações marcantes em minisséries e em 2003 estreou no cinema com o filme Dom, de Moacyr Góes, e com o qual ganhou o Kikito de Melhor Atriz no Festival de Gramado.
As filmagens de Celulares chegaram ao fim. Como você define sua personagem?
Elisabete é acima de tudo uma mulher mística. Muito conectada às forças da natureza, à terra. É uma mãe que tem uma relação com a filha que está passando por uma transformação. E nesse momento de transição na vida da filha, Elisabete surge como essa mulher forte.
Você se identifica com a espiritualidade da personagem?
Eu tenho vários pontos de identificação com essa personagem. Eu sou uma pessoa muito ligada à espiritualidade de uma maneira geral e também com este tipo de espiritualidade da Elisabete, que é mais conectada à natureza. Com a peça A Toca do Coelho, em cartaz em São Paulo, você tem vivido numa ponte aérea… São os dois trabalhos que eu estou fazendo neste momento. Tenho vindo para cá desde o final do ano passado na preparação para o filme e aos finais de semana estou no teatro em São Paulo, contracenando com Reynaldo Gianecchini, em uma peça dirigida por Dan Stulbach, sobre um casal que tenta superar a perda do filho.
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Um drama?
É um drama, um casal que passa por uma tragédia. E isso acaba afetando a relação dos dois, da família, da mãe, da irmã, e de como essas pessoas vão achar uma maneira de superar esta situação. No final, sempre algum espectador vem conversar comigo e diz: essa é a minha história, manifestando um pouco do desejo de compartilhar o sentimento da perda.
Estão previstas turnês?
Sim. Provavelmente traremos a peça para Florianópolis no segundo semestre deste ano.
Você nasceu em Londrina, viveu em Curitiba até o começo da adolescência e vinha muito para as praias de Florianópolis. Isso ajudou a compor o sotaque da personagem?
Sim, as férias eram sempre aqui em Florianópolis, nas praias de Santa Catarina e eu escutava muito este sotaque. Esta sonoridade está viva na minha memória. Mas mesmo assim, é um risco muito grande você assumir fazer o sotaque no cinema. É algo que você precisa ter bastante coragem para fazer e eu procurei estudar muito os integrantes da equipe, com as pessoas que eu conseguia detectar que falavam desse jeito do litoral catarinense, que tinham essa sonoridade, essa música. É muito específico o sotaque daqui. Não tem nada a ver com o gaúcho, não tem nada a ver com o curitibano. Não tem nada a ver com nenhum outro sotaque do Brasil. É muito bonito, muito interessante. E eu acho que trazer este sotaque para o filme era um elemento muito importante porque a Elisabete é uma personagem nativa de Florianópolis. E eu não teria como fazer esta personagem com um sotaque exageradamente paulistano como o meu.
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Como foi o convite para o filme?
Quando eu fui convidada eu não conhecia ainda o Jeferson e nem o trabalho dele. Então ele me entregou o roteiro e o DVD do filme Bróder, que ele dirigiu e foi bastante premiado. Primeiro eu li o roteiro e adorei. E pensei, temos aqui um grande filme. Em seguida em fui assistir Bróder para saber quem iria dirigir este roteiro, escrito em parceria com Cris Arenas, e fiquei muito encantada com o trabalho. Liguei para o Jeferson, aceitei o convite e estou muito feliz de estar participando deste filme.
Na TV você tem feito mais minisséries…
Minissérie, microssérie e tenho tido muito alegria em fazer esses trabalhos, que são muito bem cuidados. São trabalhos que também me permitem participar, porque são feitos em espaço de tempo menor. Eu moro em São Paulo, tenho filhos pequenos, e essa acaba sendo a maneira ideal de eu participar dessas atuações na televisão e que eu adoro fazer também.
Você gostaria de fazer mais cinema?
Sim, eu estudei para fazer cinema. Se alguém me perguntar o que eu sei fazer melhor, eu vou dizer que é cinema. É a minha grande paixão. Mas não fiz tanto quanto gostaria. Quem sabe eu comece a fazer mais agora. Acho que até o fato de eu estar fazendo menos novelas me possibilite a oportunidade de fazer mais cinema. Por exemplo, se eu tivesse agora fazendo um trabalho maior talvez não pudesse estar aqui.
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Você tinha confiança em participar de um projeto fora de São Paulo ou Rio? Algum receio?
Eu adoro sair do eixo Rio- São Paulo. Pra mim é um grande prazer. É uma oportunidade que a gente tem de entrar em outras culturas. É também uma oportunidade de participar desta expansão que a nossa indústria cinematográfica merece ter. Eu não tive em nenhum momento qualquer tipo de dúvida, nenhum tipo de receio e tudo isso tá confirmado aqui porque estamos fazendo um trabalho maravilhoso. Acho que a gente trabalha muito bem, muito junto, muito unido. Não fiz cinema no meu Estado, mas fiz no Rio Grande do Sul. Em São Paulo, no Rio. Estou fazendo agora aqui. Acho que esse é o caminho.