Em Florianópolis,  jovem faz sucesso nas redes sociais com a rotina da mulher muçulmana

Depois de responder perguntas sobre o Islamismo na rua e no trabalho em Florianópolis, a comerciante Mariam Chami, de 28 anos, resolveu levar o assunto para as redes sociais. Com 10 mil seguidores no Instagram, ela criou um canal no Youtube para responder curiosidades, que vão desde o namoro entre muçulmanos até a forma como as mulheres vão à praia, já que estão sempre com o corpo coberto.

De São Paulo, Mariam mudou-se para Florianópolis após o casamento. Sempre elegante e maquiada, ela mostra nas redes sociais que a mulher muçulmana é tão vaidosa quanto as demais e faz questão de estabelecer um limite entre cultura e religião.

– As pessoas acham que a gente vive uma vida muito diferente, mas a gente vive uma vida normal. É isso que mostro no Instagram, o lugar em que a gente trabalha, estuda. Mostro que a nossa religião não é muito diferente das outras. O conservadorismo de alguns países, como a Arábia Saudita, não pode ser confundido com a nossa religião. Todas as religiões são perfeitas, os seres humanos é que não são – contou em entrevista a Renato Igor, na CBN Diário.

Ouça a entrevista de Renato Igor com Mariam Chami:

Vaidade

De hijab, o lenço que cobre os cabelos e o pescoço, com maquiagem e unhas impecáveis, faz questão de dizer que a moda para as muçulmanas não se resume a um vestido preto.

– A gente pode ter estilo, pode colocar roupas diferentes, legais, mesmo usando hijab, me acho linda. As pessoas acham que a gente não cuida do cabelo, do corpo, mas não é porque está coberto que a gente não vai cuidar. A gente quer estar bonita para nós mesmas, para nossa família e marido– explicou.

Casamento

No canal de Mariam no Youtube, o vídeo com mais visualizações é sobre namoro e casamento. A respeito do assunto, ela esclarece:

– A mulher muçulmana não é submissa ao marido. Eu tenho que servir meu marido, assim como ele tem que me servir – afirmou.

Quanto à ideia de que os casamentos são arranjados no Islã, ela explica que esta é uma questão mais cultural do que religiosa.

– Casamento não é arranjado no Islã. Pela religião, não. Já existiu, deve existir em algum lugar, em outras culturas, mas pela região não. Eu escolhi meu marido, a gente se conheceu pela internet – contou.

Mariam explica que os casamentos costumam ser entre membros da mesma religião mais por uma questão de afinidade.

– Nasci e cresci dentro de uma religião. A gente não bebe álcool, não sai para balada. Uma pessoa de outra religião não vai ter os mesmos pensamentos, não vai ter sintonia. Como vou fazer para criar meus filhos? Quero permanecer na minha religião – explicou.

Praia

No verão, embora esteja sempre com o corpo coberto, ela não se priva de ir à praia.

– Tenho uma vida normal. Quando vou à praia, uso uma calça de ginástica e uma camiseta. Entro na água, nado. Em relação ao calor, a gente acaba ficando mais resistente, se acostuma. Uso lenço desde os 14 anos. Quando você acredita numa verdade, então sua fé acaba te ajudando nisso – enfatizou.