O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou em entrevista à correspondente internacional da rede CNN, Christiane Amanpour, que existem argumentos para o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

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A jornalista apresentou um trecho da entrevista recente que fez com Dilma, na qual a presidente afirmou que as chamadas “pedaladas fiscais” são uma prática comum no Brasil desde governos anteriores ao dela, e questionou por que as práticas orçamentárias do atual governo são crime hoje se não eram no passado.

— Não era um crime. A Lei de Responsabilidade Fiscal foi criada no meu governo, no ano 2000, então eu tive apenas dois anos sob a lei — respondeu Fernando Henrique.

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O ex-presidente acrescentou que, apesar disso, não tornou ato contínuo o tipo de “disfarce” usado pelo governo Dilma. O atual governo “fez isso por vários meses e em um grande volume de dinheiro”, afirmou.

Na entrevista, a jornalista também perguntou por que Fernando Henrique agora apoia o impeachment se era contrário no início do processo.

— Eu era contra porque sei como é difícil um processo de impeachment”, respondeu, lembrando que era senador quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello foi afastado do cargo. — Naquela época era diferente, porque havia a possibilidade de os militares voltarem ao poder.

— Agora o Brasil é uma democracia sólida. Tem uma separação mais madura entre o governo e o Estado — afirmou Fernando Henrique.

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O ex-presidente acrescentou que era relutante no início do processo contra Dilma porque ela havia recebido milhões de votos nas eleições de 2014, mas agora existem argumentos para seu afastamento.

— A Constituição é muito clara. Se não houver o cumprimento das cláusulas constitucionais existe base para o impeachment — defendeu o ex-presidente, acrescentando que o atual governo também não tem apoio político.

Fernando Henrique concluiu a entrevista dizendo que existe muita corrupção no governo e que a população não confia mais em Dilma nem no sistema político brasileiro.

— Essa é a questão chave no Brasil: a falta de confiança — afirmou. — Para mim existe uma crise mais profunda do que o caso da presidente Dilma. É a crise do sistema político no Brasil.

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