Além de defender a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também fez um apelo ao Congresso Nacional na tarde desta quarta-feira, em discurso feito em um encontro com cerca de mil sindicalistas na capital paulista. A fala se estendeu por mais de uma hora. Conforme o jornal O Globo, o petista afirmou que vai fazer um manifesto na próxima semana para deputados e senadores:

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— Deem para a gente seis meses de paciência que a gente vai provar que esse vai ser o país da alegria — disse.

Lula afirmou também que vai ajudar Dilma a governar e que, em agosto do ano passado, havia sido chamado para compor o ministério.

— Não sou analfabeto político como alguns pensam. Tenho noção que não é fácil uma presidente conviver na mesma sala com um ex-presidente.

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Contudo, o ex-presidente argumentou que, com o agravamento da crise que afeta o país, se convenceu de que deveria ajudar.

— Quando foi agora, com a crise política, os adversários apertando cada vez mais a Dilma, ela disse “preciso de você pra me ajudar”.

Segundo Lula, ele ainda resistiu porque não queria passar a impressão de que buscava “privilégios”, mas que acabou cedendo por causa do cenário.

— Aceitei porque tenho pleno bom senso que posso ajudar a Dilma, com aquilo que mais sei fazer na vida que é conversar, ouvir as pessoas — afirmou.

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Lula chegou a dizer que no ato pró-governo e de apoio a ele, na sexta-feira da semana passada, na Avenida Paulista, sentiu que estava tomando posse de novo.

— A impressão que tive na Avenida Paulista foi que vocês estavam me dando posse — afirmou.

Golpe

Em seu discurso, Lula também fez uma comparação histórica para defender Dilma do que ele e aliados classificam de iniciativa golpista de forças “conservadoras” contra a presidente. Ele lembrou que o país tem o maior período de estabilidade democrática desde a constituição de 1988 e citou os episódios do suicídio de Getúlio Vargas em 1954 e da deposição de Jango em 1964 com o golpe militar em uma referência ao que, a seu ver, ocorre atualmente.

O ex-presidente citou ainda Juscelino e disse que, na época, o golpe foi para que o então ex-presidente não pudesse concorrer nas eleições de 1965.

— Até a historia de apartamento que me acusam hoje, acusavam Juscelino de ter apartamento no Rio que ele não tinha — disse, comparando-se ao ex-mandatário. — Eles têm que aprender que nós ganhamos a eleição pelo voto democrático. Se eles querem ir pra Presidência, que esperem por 2018.

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Lula também argumentou que ele aguardou por eleições desde 1989 até chegar ao cargo máximo do país em 2002.

— Não tentem dar golpe na Dilma que nós não vamos aceitar. Não existe nenhuma razão legal para o impeachment. E o respeito pelo povo brasileiro, pelo voto? — questionou. — Acho que é bom eles aprenderem a ficarem calmos — completou.

O ex-presidente reforçou que os sindicatos e movimentos sociais têm uma obrigação de defender a democracia. Lula também reclamou das investigações contra ele e voltou a dizer que iria depor à Lava-Jato sem a necessidade de ser levado à força pela condução coercitiva e chamou de “pachorra” a iniciativa de um procurador de São Paulo denunciar sua mulher, Marisa Letícia, por lavagem de dinheiro.

Lula, Marisa e o filho mais velho do casal foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo por suposta ocultação de patrimônio no caso que envolve um tríplex no Guarujá.

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— Tiveram a pachorra de um promotor dizer que a dona Marisa estava enquadrada por lavagem de dinheiro — bradou Lula. — Eles têm que aprender que mentira tem perna curta.

O petista emendou críticas à oposição, repetindo que eles não têm paciência para esperar a eleição de 2018.

— Se enganam aqueles que acham que sou contra o combate à corrupção”, disse ao argumentar que seu governo deu autonomia à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal e repetiu ser honesto, mais honesto que os integrantes da força-tarefa da Lava Jato. — Se um deles for mais honesto que eu, desisto da vida pública nesse país.

*Zero Hora com agências

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