Nos últimos dois anos, os gabinetes regionais da Presidência da República em Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte custaram pelo menos R$ 1,03 milhão aos cofres públicos. Os dados obtidos através da Lei de Acesso à Informação indicam que 80% deste valor foram destinados ao pagamento de nove servidores que atuam nos escritórios, e o restante foi gasto com a manutenção das estruturas.
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Os gabinetes das capitais gaúcha e mineira foram criados três meses após a posse da presidente Dilma Rousseff, em função da sua relação com as cidades: Dilma é mineira, mas construiu sua carreira política no Rio Grande do Sul, onde vivem a filha Paula e o neto Gabriel. Em 2011, havia a expectativa de que a presidente utilizasse os locais para despachar durante suas visitas, o que nunca ocorreu.
A chefe do Executivo também esteve poucas vezes no escritório de São Paulo, criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que utilizava a estrutura com mais frequência. Lula ainda abriu gabinetes em São Bernardo e em Florianópolis (onde residiam filhos e netos) que foram desativados com a saída do Planalto.
Em nota, o Planalto destacou que “os espaços físicos utilizados, limpeza, segurança predial, atendente, são cedidos sem ônus e em condições de ocupação e uso, sendo São Paulo e Belo Horizonte, pelo Banco do Brasil, e Porto Alegre, pela Petrobras“. Os custos envolvidos, no entanto, não foram divulgados.
O Planalto também informou que os gabinetes podem ser utilizados não só pela presidente, “quando necessário”, mas por ministros, secretários especiais e órgãos da estrutura da Presidência da República, como Comissão da Verdade e integrantes do Gabinete de Segurança Institucional.
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“Foi criado, mas nunca foi para frente”, diz servidor sobre gabinete de Porto Alegre
Edifício onde fica o gabinete regional da Presidência em Porto Alegre
Foto: Adriana Franciosi
Nomeado em 2011, o assistente do gabinete regional de Porto Alegre, Cristian Raul Juchum, confirma que Dilma nunca esteve na sala que fica no edifício Opus One em Porto Alegre – onde os aluguéis chegam a R$ 34 mil. Segundo ele, o espaço também não recebe autoridades por não ter “estrutura”.
Cristian, que é servidor da Petrobras, mas foi cedido para a Presidência da República, diz contar com o apoio de uma secretária e de um segurança, que seriam terceirizados da estatal.
– Ele [gabinete de Porto Alegre] nunca foi aberto, não tem estrutura mobiliada. Foi criado, mas nunca foi para frente. Foi dado um primeiro passo – afirmou Cristian, por telefone.
O servidor diz trabalhar diariamente no escritório, das 8h às 18h, mas não quis informar quais atividades realiza. Cristian conta que, quando Dilma vem a Porto Alegre, atende às demandas pessoais da presidente e inclusive dirige o carro da chefe do Executivo.
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A reportagem esteve no Opus One na tarde de terça-feira, mas as portas do gabinete estavam fechadas. Vizinhos da sala, que não possui nenhuma identificação, e funcionários do edfifício disseram que quase não se vê movimentação no local.