Quem anda pelos shoppings de Florianópolis nos últimos dias sente a diferença: nunca houve tantos argentinos em todos os lugares. Só se ouve espanhol nos corredores, mas se engana quem pensa que eles estão fazendo compras às cegas ou que não estão preocupados com os preços, como às vezes acontece com os turistas. Os argentinos sabem o que querem e conhecem os produtos brasileiros. Aproveitam para comprar o que temos de melhor, como roupa de praia e calçados, que são mundialmente reconhecidos pela sua qualidade e pela beleza do design.
Continua depois da publicidade
Taiana Castaño, vendedora da loja multimarcas Auggy, que vende biquínis, acessórios e calçados afirma que 80% dos clientes são estrangeiros e que para selecionar as vendedoras da temporada, a loja exige conhecimento em espanhol.
– Tem que entender espanhol, senão não dá. Eles estão comprando bem e a gente precisa ser capaz de atender eles. Inglês nem é tão necessário, até porque os americanos só chegam em março, fugindo da loucura da temporada – analisa.
O gosto dos argentinos, segundo a vendedora, está cada vez mais parecido com o nosso.
Continua depois da publicidade
– Há alguns anos as argentinas procuravam biquínis maiores, mais largos, agora elas estão acompanhando a tendência da estação, de biquínis pequenos.
Mesmo com a clientela internacional batendo ponto na loja, ano passado a Auggy vendeu bem mais.
– Nós temos a loja aqui no Floripa Shopping desde que abriu, há 5 anos. Conversamos com o pessoal de outras lojas daqui e de outros shoppings e percebemos uma tendência geral na cidade. Muitos turistas foram embora nas primeiras semanas do ano por causa da chuva. Eu mesma conheci um grupo que tinha vindo para ficar um mês, mas com as chuvas eles mudaram a passagem e foram embora.
Portanto se engana quem pensa que os lojistas torcem por muita chuva, para que os shoppings fiquem lotados.
Continua depois da publicidade
– A chuva é boa para os lojistas quando não é constante. Se é constante as pessoas vão embora, até porque shopping também enjoa – diz Taiana.
Como boa parte das lojas dos shoppings da cidade estão em liquidação, os argentinos procuram os preços baixos e pechincham, na tentativa de compensar a diferença que o câmbio gera com o real mais valorizado.
Na Mormaii, que atua na linha de surfwear, a vendedora Paula Ribeiro acredita que apesar de serem maioria, os argentinos não compram tanto assim.
Continua depois da publicidade
– Uruguaios e paraguaios compram melhor. O brasileiro também – afirma – talvez porque fica mais caro para eles mas os argentinos acham as coisas caras, pesquisam muito, olham os preços do lugar inteiro e só no final da noite decidem.
Mesmo assim, ela estima que metade dos clientes da loja são argentinos e que os dias de chuva são os melhores.
– O shopping bomba mesmo quando chove, a gente torce para chover, mas não todo dia, senão não há quem aguente – considera.
Continua depois da publicidade
Charles Edward Nakashima informa que os argentinos invadiram a loja das Havaianas. Representem 60% dos clientesm sendo que a maior parte deles são mulheres, que preferem os modelos com salto e nem se dão ao trabalho de pechinchar preço. Na Lina K, que tem fabricação própria de calçados de couro, a vendedora Carla Soares confirma o apreço dos gringos pelos nossos sapatos e destaca que eles são clientes muito fiéis.
– Eles acham tudo lindo, procuram produtos de couro e são muito fiéis. Uma vez que gostam do produto voltam sempre. No ano passado também tinha muito argentino, mas eles não gastaram tanto quanto esse ano. O tempo foi nosso aliado, vendemos mais com chuva.
Carla também afirma que os homens se interessam pelos sapatos e muitas vezes escolhem os modelos para as mulheres, coisa que é muito rara com os brasileiros.
Continua depois da publicidade