Em outubro, a produção industrial catarinense caiu 0,3%, se comparado com o mês anterior, segundo o IBGE, reforçando o cenário ruim para este importante segmento econômico do Estado em 2012.

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Em dez meses, a indústria registrou queda na produção sete vezes. A estimativa do setor é que o ano feche no negativo, com uma produção em torno de 2% menor que em 2011. A recuperação deverá vir somente em 2013, mas sem crescimento. A previsão otimista é que o próximo ano apresente estabilidade nos números.

O diretor de Relações Industriais e Institucionais da Fiesc, Henry Quaresma, atribui a queda na produção à desaceleração da economia brasileira e à consequente queima de estoque na indústria. Enquanto a produção cai, as vendas aumentam.

De janeiro a outubro, segundo o IBGE, a atividade industrial caiu 2,9% em SC. Mas, conforme a Fiesc, as vendas cresceram 8,8% no mesmo período. No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial de SC está quase 4% no vermelho.

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Recuperação no final do ano não será suficiente

Quaresma acredita que a demanda por produção logo após a alta nas vendas, aliada com o aumento dos pedidos no setor de alimentos, comum para essa época do ano, deve iniciar uma recuperação da atividade industrial. Mas o presidente da Fiesc, Glauco Côrte, acredita que essa recuperação não será suficiente para reverter o quadro negativo deste ano.

Mesmo com a produção retrocedendo, as empresas não começaram a demitir funcionários como forma de enfrentar a crise, segundo Quaresma. Pelo contrário. Trabalhadores de empresas que fecharam, no Norte do Estado, foram remanejados. Segundo ele, a estratégia utilizada foi diminuir a carga horária dos funcionários, como fez a indústria moveleira.

Para 2013, o diretor da Fiesc acredita em estabilidade. A balança deve pender para o lado positivo por causa do aumento das exportações de carne para a Ásia e Rússia, pela chegada de novas montadoras de automóveis e de estaleiros de gás e petróleo.

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Fase mais difícil já teria passado

O segmento de vestuário e acessórios do setor têxtil foi um dos responsáveis em puxar para baixo o crescimento da indústria em outubro. Para Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), o número reflete uma acomodação da demanda no setor.

Kuhn afirma que o desaquecimento dos pedidos é resultado do baixo crescimento do PIB brasileiro. Teria prejudicado o setor, ainda, o incentivo do governo federal aos bens duráveis de consumo, como automóveis e eletrodomésticos, em detrimento dos bens não duráveis.

O empresário acredita que as medidas do governo para recuperar a economia, como a ampliação das linhas de crédito dos bancos públicos e a própria redução do IPI para carros, linha branca, móveis e materiais de construção, ainda não surtiram o efeito esperado, o que é sentido pela produção industrial. Kuhn destaca, por outro lado, que o resultado, neste final de ano, está melhor do que aquele registrado no começo de 2012.

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– O pior já passou. A partir de agora, o setor deverá retomar o crescimento – considera.

O presidente do Sintex afirma que a queda na produção do setor têxtil não provocou demissões em massa. Ele explica que seria mais caro demitir, contratar e treinar novos funcionários do que manter os antigos. Ainda mais em um cenário de falta de mão de obra qualificada. Basicamente, como afirma Kuhn, a baixa produção implicou queda de rentabilidade das empresas.

Arte: Diário Catarinense

Extremos da balança

Segmentos da indústria que fecharam outubro no vermelho:

– máquinas, aparelhos e materiais elétricos nos motores elétricos

– alimentos, especificamente carnes e miudezas de aves congeladas

– borracha e plástico, materiais para a indústria automobilística

– veículos automotores, segmento de carrocerias para caminhões e ônibus

– minerais não metálicos, ladrilhos e placas de cerâmica para revestimento

– máquinas e equipamentos, compressores para aparelhos de refrigeração

Segmento que fechou o mês no positivo:

– máquinas e equipamentos, compressores para aparelhos de refrigeração

Fonte: IBGE