Divergências da bancada do PP entraram no enredo descrito pelos depoimentos dos políticos investigados na Operação Lava-Jato. À Polícia Federal, o deputado Roberto Britto (BA) relatou que Vilson Covatti participou de um jantar do partido em homenagem a Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento da Petrobras, afirmação que o ex-deputado gaúcho nega.

Continua depois da publicidade

Em seu depoimento, Covatti, que encerrou o mandato parlamentar em janeiro passado, disse acreditar que a declaração de Britto decorre de desavenças que eles tiveram quando disputaram o cargo de segundo secretário da Mesa Diretora da Câmara. Ao delegado da Polícia Federal Josélio Azevedo de Sousa, o gaúcho garantiu que jamais esteve com Paulo Roberto, que não o conhecia e tampouco sabia que a Diretoria de Abastecimento da Petrobras era um cargo de indicação do PP.

Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprova convite para ouvir Mauro Vieira

Covatti e Britto estão na relação de parlamentares da sigla, que inclui outros cinco gaúchos, investigados em um dos inquéritos da Lava-Jato que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o doleiro Alberto Youssef, eles receberiam uma mesada que variaria entre R$ 30 mil e R$ 150 mil, abastecida com recursos de comissões pagas por empreiteiras ao partido sobre os valores dos contratos assinados na Diretoria de Abastecimento.

Continua depois da publicidade

Britto prestou depoimento em 12 de maio, também para o delegado Sousa. Ele reconheceu que esteve no jantar oferecido pelo PP a Paulo Roberto, realizado entre 2010 e 2011, quando o delator recebeu um Rolex de presente por ser “o homem do partido dentro da Petrobras”.

Bilhete de Marcelo Odebrecht a advogados cita “destruir email sondas”

MPF pede que executivo da Odebrecht seja mantido preso preventivamente

A confraternização, segundo o deputado baiano, ocorreu em uma das filiais do restaurante Dom Francisco, localizada em um clube às margens do Lago Paranoá. O convite para o jantar foi fixado no mural de avisos da liderança do PP na Câmara e citava Paulo Roberto. Britto disse que entre os presentes estavam o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (BA), o ex-deputado João Pizzolatti (SC) e Covatti.

Já o ex-deputado negou que tenha participado do encontro. No seu depoimento de delação premiada, Paulo Roberto não cita Covatti como um dos presentes e confirma a informação de que não conhecia o político gaúcho. À investigação, Covatti também refutou relações com o esquema de desvios na Petrobras. Ele explicou que as doações feitas pelo PP para sua campanha em 2010 foram acertadas com o então presidente da sigla, Francisco Dornelles. A origem dos recursos foi o fundo partidário.

Continua depois da publicidade

Linha do tempo: confira os fatos que marcaram o escândalo da Petrobras

Entenda o que ocorreu em cada fase da Operação Lava-Jato

Covatti garantiu ao delegado que não conhecia Alberto Youssef e que não recebeu dinheiro ou bens do doleiro e das empresas envolvidas na Lava-Jato. O gaúcho disse não entender os motivos que levaram a ser citado e que não acredita que alguma liderança do PP possa ter utilizado seu nome para receber vantagens do esquema de corrupção na Petrobras.

Covatti revelou que seu relacionamento nunca foi bom com as lideranças da legenda, que não lhe davam espaço nem lhe indicavam para presidência de comissões. Ele ressaltou que chegou a ocupar cadeira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por indicação do PSOL. O ex-deputado ainda destacou que não frequentava todas as reuniões da cúpula do PP, que nos últimos foi conduzida, conforme ele, por Negromonte, Pizzolatti, Nelson Meurer (PR), Aguinaldo Ribeiro (PB), Arthur Lira (AL) e Dudu da Fonte (PE).

Leia as últimas notícias do dia

*Zero Hora