O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot confirmou nesta terça-feira, em depoimento à CPI do Cachoeira, que trabalhou para arrecadar doação de campanha para a então candidata à Presidência da República Dilma Rousseff.
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Pagot contou que foi procurado pelo tesoureiro da campanha, o deputado federal José de Filippi (PT-SP), que teria lhe pedido ajuda. Pagot disse que mostrou ao deputado uma lista de 369 empresas que tinham contrato no Dnit e que o tesoureiro afirmou que ele não precisava se preocupar com as empresas maiores porque isso estava sendo tratado pelo comitê central de campanha – mas que, se quisesse, poderia pedir doação para 30 ou 40 empresas da lista.
O ex-diretor do Dnit afirmou que, ao encontrar alguns empresários, pediu a doação.
– Acreditei que não estava cometendo irregularidades e não associei (a doação) a nenhum ato administrativo do Dnit – disse.
Pagot afirmou que, posteriormente à solicitação de doação, recebeu alguns boletos que mostravam a doação feita legalmente na conta da campanha e que verificou depois que algumas empresa realmente tinham contribuído.
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Sobre a suspeita de que teria havido desvio de recursos de parte da obra do Rodoanel, em São Paulo, para a campanha eleitoral do PSDB e aliados, Pagot afirmou que o relato lhe foi feito por um amigo. O ex-diretor do Dnit disse que havia uma obra em convênio com o Dersa, em São Paulo, no qual R$ 2,4 bilhões seriam de investimento de São Paulo e R$ 1,2 bilhão do governo federal. Na ocasião, afirmou Pagot, houve uma tentativa de se fazer um termo de ajustamento de conduta, reivindicado pelo Dersa, de mais R$ 260 milhões.
– Era uma temeridade fazer qualquer aditivo em cima desse contrato porque se tratava de um contrato de empreitada global – explicou.
Pagot disse que recorreu à Advocacia Geral da União (AGU) para não assinar o contrato e o termo aditivo acabou não sendo feito. Ele disse que, passado esse episódio, se encontrou com um amigo em um restaurante em Brasília que o alertou dizendo que esse aditivo tinha finalidade de contribuir para a campanha de José Serra, Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab.
– Isso é uma conversa de bêbado, de botequim. É uma conversa que não se pode provar – afirmou Pagot, que também disse que o jornalista que publicou a suspeita escreveu o que quis e não o que foi dito na entrevista.
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