A recuperação da economia global permitirá ao Brasil reduzir medidas anticíclicas. A promessa foi feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante entrevista coletiva realizada no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
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– Com a recuperação da economia mundial, estaremos reduzindo a política anticíclica. Não haverá mais desonerações fiscais e, portanto, haverá recomposição da arrecadação. Isso já começou a ocorrer nos números do fim de 2013. Em setembro, outubro, novembro e dezembro tivemos elevação da arrecadação. Isso reflete o maior crescimento em 2013 e a maior rentabilidade das empresas que estão pagando mais Imposto de Renda. Essa performance deverá continuar em 2014 facilitando um resultado fiscal necessário – afirmou Mantega.
Outra ação está na recomposição de algumas alíquotas alteradas nos últimos anos. Mantega deu como exemplo a elevação das alíquotas de alguns produtos de consumo, como automóveis, linha branca e móveis.
– Essa é uma trajetória já anunciada, não é nenhuma novidade. Mas algumas desonerações vieram para ficar, como a folha de pagamentos. Essa será uma redução de custos importante para o setor produtivo. O IPI sobre o investimento também permanecerá – disse.
O ministro disse que não acredita em uma grande oscilação do dólar, nem em problemas gerados pela variação cambial para empresas brasileiras, como aconteceu na crise de 2008:
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– Empresas brasileiras aprenderam a lição em 2008 e todas elas estão hedgeadas para eventual flutuação da taxa cambial. Não acredito que haja grande aumento do dólar, de flutuação do dólar. Se você olhar ao longo do tempo, o dólar está mais ou menos estável ao redor desse patamar. Cada dia vai para um lado ou para o outro, mesmo assim tem oscilado pouco, não tem se distanciado de certos patamares no Brasil.
Diante do quadro, o ministro não vê motivos para preocupação:
– Não tenho visto nenhum setor preocupado com isso. Não haverá problemas de derivativos – acrescentou.
Sobre o aumento dos investimentos na economia, o ministro comentou ainda que a política fiscal não será afetada:
– O investimento está aumentando fundamentalmente nas concessões. Então, o investimento é privado. Não é necessário espaço fiscal – argumentou.
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O ministro avalia ainda que a recuperação da economia dos Estados Unidos pode gerar alguma turbulência para mercados emergentes como o Brasil no primeiro momento. O efeito do fortalecimento da maior economia do mundo no médio prazo, porém, será positivo.
– Há uma recuperação mais forte dos EUA em relação a outros países avançados. Mas ainda é preciso consolidar essa reação e o acordo feito com o Congresso é positivo. Em um primeiro momento, isso traz problemas para emergentes por causa da redução dos estímulos monetários. Provisoriamente ainda teremos algumas questões cambiais, algum fluxo de capitais – afirmou.
Passada essa turbulência, o ministro prevê tempos melhores:
– No médio prazo, o crescimento dos EUA é positivo para o Brasil e outros países. Se crescer mais, vão importar mais do Brasil. Portanto, isso será positivo.