Em seu primeiro discurso oficial na cúpula do G-7, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou fazer qualquer menção à Rússia. Para o enfrentamento das crises mundiais, incluindo a guerra na Ucrânia, o petista defendeu ser preciso derrubar mitos, mudar mentalidades e abandonar “paradigmas que ruíram”.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
Citando diretamente a Argentina, Lula ainda pediu que o Fundo Monetário Internacional (FMI) considere as consequências de suas ações.
Em contraste com os países-membros do G-7, notadamente contrária à Rússia, Lula se limitou a falar em “uma guerra no coração da Europa”. A fala se deu minutos após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, pousar em Hiroshima para participar do encontro.
Zelenski solicitou uma reunião bilateral com o presidente brasileiro, que diz adotar uma postura de neutralidade na guerra, mas ainda não recebeu qualquer retorno.
Continua depois da publicidade
Amazônia e paz na Ucrânia viram tema de discussão entre Lula e Macron
— O mundo hoje vive a sobreposição de múltiplas crises: pandemia da Covid-19, mudança do clima, tensões geopolíticas, uma guerra no coração da Europa, pressões sobre a segurança alimentar e energética e ameaças à democracia. Para enfrentar essas ameaças é preciso que haja mudança de mentalidade. É preciso derrubar mitos e abandonar paradigmas que ruíram — declarou Lula.
— A consolidação do G-20 como principal espaço para a concertação econômica internacional foi um avanço inegável. Ele será ainda mais efetivo com uma composição que dialogue com as demandas e interesses de todas as regiões do mundo — completou.
O Broadcast antecipou nesta semana que Lula faria uma defesa do G-20 ao longo do G-7, já que o Brasil vai assumir a presidência do bloco ampliado em 2024. “
— Não tenhamos ilusões. Nenhum país poderá enfrentar isoladamente as ameaças sistêmicas da atualidade. A solução não está na formação de blocos antagônicos ou respostas que contemplem apenas um número pequeno de países — argumentou.
Continua depois da publicidade
Novo alvo da Operação Mensageiro serão contratos de iluminação pública
Durante o discurso, Lula decidiu também criticar o neoliberalismo e a “fragilidade” de seus dogmas.
— O endividamento externo de muitos países, que vitimou o Brasil no passado e hoje assola a Argentina, é causa de desigualdade gritante e crescente, e requer do Fundo Monetário Internacional um tratamento que considere as consequências sociais das políticas de ajuste — cutucou o presidente horas antes de se encontrar com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, a quem vai pedir socorro à Argentina.
A defesa do meio-ambiente e o combate à desigualdade social foram bandeiras levantadas por Lula no encontro multilateral.
— Essa tarefa só é possível com um Estado indutor de políticas públicas voltadas para a garantia de direitos fundamentais e do bem-estar coletivo — defendeu Lula, para quem a dicotomia entre meio-ambiente e desenvolvimento já deveria estar superada.
Continua depois da publicidade
SC terá 33 obras de escolas e creches retomadas pelo governo federal; veja lista
O próprio governo, no entanto, vice hoje essa tensão, com os ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) em uma disputa interna sobre explorar petróleo na Amazônia.
Lula ainda voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de novos membros permanentes, e o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Leia também
Esposa de Mauro Cid o responsabiliza por fraude em certificação de vacinação
Número de candidatos a vereador em 2024 em Joinville não deve repetir 2020