Aproximando-se do 20º dia de protestos, a tensão entre ucranianos a favor da adesão ao país à União Europeia e o governo do presidente Viktor Yanukovitch parece não ter saída.

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Neste domingo, entre 250 mil e 300 mil pessoas lotaram a Praça da Independência, em Kiev, exigindo novamente a renúncia presidencial – dessa vez, nem a estátua de Lênin, líder da Revolução Russa de 1917, escapou da fúria dos manifestantes.

A rejeição do presidente em assinar um acordo de associação com a União Europeia (UE) negociado durante meses mergulhou este país de 46 milhões de habitantes em uma crise política sem precedentes desde a Revolução Laranja de 2004, que levou os pró-europeus ao poder.

A tensão aumentou após uma reunião entre Yanukovich e o presidente russo, Vladimir Putin, na sexta-feira, para discutir um acordo de associação estratégica entre os dois países.

Os europeus acusam a Rússia de ter exercido pressões econômicas e ameaças inaceitáveis sobre a Ucrânia, que atravessa uma crise econômica e financeira, para que o país renuncie à associação com a UE.

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Já a oposição denunciou no sábado a intenção de Yanukovich de assinar este acordo com o objetivo de fazer a Ucrânia aderir à união aduaneira de repúblicas soviéticas liderada por Moscou.

Arseni Yatseniuk, um dos líderes da oposição, convocou os manifestantes a aumentarem a contestação e a bloquearem a região do Parlamento em Kiev. As pessoas presentes no protesto montaram várias barracas perto da sede do governo e começaram a erguer barricadas com cestas de flores, segundo imagens divulgadas pela televisão ucraniana.

Pouco depois da grande manifestação, os Serviços Especiais Ucranianos (SBU) anunciaram a abertura de uma investigação por tentativa de tomada de poder após as ações ilegais de alguns políticos, sem citar quais, que podem ser condenados a até 10 anos de prisão.

Já a ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Timoshenko pediu a renúncia imediata de Yanukovich, em uma declaração lida em um comício em Kiev por sua filha.

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– Nosso objetivo é a renúncia imediata de Yanukovich como presidente da Ucrânia – declarou Yevguenia Timoshenko citando sua mãe em uma mensagem enviada da prisão.

– Hoje podemos decidir entre afundarmos em uma ditadura corrupta ou a volta ao lar, na Europa – acrescentou.

Também neste domingo, o presidente ucraniano e seu colega da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, decidiram que Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia, participará na semana que vem de uma missão de conciliação em Kiev com Yanukovich, na esperança de discutir também uma possível libertação de Timoshenko.