Um documento intitulado Carta do Vale será entregue à presidente Dilma Rousseff em breve. Fruto de uma reunião entre representantes de associações de municípios do Estado, que ocorreu na sexta-feira à tarde na sede da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi) em Blumenau, o ofício vai retratar a atual situação financeira das cidades da região e ainda reivindicará que a presidente elabore ações para ajudar estes municípios a enfrentar a crise, que se agravou após a queda na arrecadação e à falta ou atraso de repasses.
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De acordo com o prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, o documento deve ser levado a Dilma através dos parlamentares de Santa Catarina. Para isso, um novo encontro, dessa vez com os representantes do Legislativo, foi marcado para a próxima sexta-feira. A expectativa, segundo Napoleão, é de que os pedidos dos prefeitos, relatados durante a reunião de sexta-feira e explanados na carta, seja entregue também a representantes do Senado e do Tribunal de Contas da União.
– Hoje vamos na contramão do que o serviço público oferece ao cidadão. Nós, municípios, não temos que cortar salários, reduzir cargos ou jornadas. O que nós temos que fazer é prestar um serviço de qualidade para o povo – explicou o presidente da Ammvi e prefeito de Rodeio, Paulo Roberto Weiss.
Encontro reuniu representantes de 59 cidades
Além da mesa principal, formada por representantes das Associações de Municípios da Foz do Rio Itajaí (Amfri), do Alto Vale do Itajaí (Amavi) e do Vale do Itapocu (Amvali), outras 30 pessoas acompanharam o debate, que durou cerca de duas horas e terminou como um grande desabafo.
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– O que acontece é que a conta sobra sempre para os prefeitos. A responsabilidade de tudo que o acontece no município é do prefeito. Faltou um remédio? Culpa do prefeito. Faltou luz? Culpa do prefeito. Mas o que as pessoas muitas vezes não entendem é que temos as mão atadas por conta de burocracias do sistema – resumiu Weiss ao ressaltar que o objetivo deste encontro foi justamente mostrar aos demais prefeitos que a crise financeira não é um caso isolado.
Na avaliação do prefeito de Blumenau, a atual realidade financeira dos município do Vale é grave. Para ele, as contribuições criadas pelo governo federal sobrecarregam a população, que já paga muitos impostos:
– Blumenau é uma cidade que produz e arrecada muito, mas mais de 60% de toda essa arrecadação tributária fica concentrada em Brasília. Os outros 26% vão pro Estado e apenas 14% ficam para o município, que é onde as coisas realmente acontecem – conclui.