O duelo de número 405 entre Figueirense e Avaí, no Orlando Scarpelli, será para sempre lembrado como o dia em que um clássico de futebol pareceu mais um evento do UFC. Neste domingo, a vitória do Leão por 2 a 1 pelo Campeonato Catarinense foi ofuscada pelas lamentáveis cenas de violência que os atletas protagonizaram no segundo tempo. A Polícia Militar foi obrigada a entrar em campo para evitar um desastre maior, e dois jogadores de cada time acabaram expulsos. No meio da confusão, o capitão avaiano Marquinhos acertou um soco em Éverton Santos.
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>> Veja como foi o minuto a minuto do jogo
O Avaí abriu o placar no primeiro tempo com o zagueiro Antônio Carlos. Éverton Santos empatou para o Figueirense no início da etapa final, antes de ser expulso. Coube ao estreante Paulo Sérgio, que entrou logo após a pancadaria, decidir o jogo para o Avaí, quando as duas equipes tinham nove jogadores.
Com o resultado, o Avaí chega a sete pontos, sobe duas posições e deixa a lanterna do Estadual. O Figueirense, mesmo com a derrota, segue na liderança do Estadual, com 11 pontos. Os dois voltam a campo no próximo domingo, pela oitava rodada.
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Leão sai na frente com gol de zagueiro
Ânimos acirrados para um duelo que completa 90 anos de rivalidade em 2014. Como esperado, o primeiro clássico do ano – talvez o único – começou quente, com muitas faltas, reclamações e disputas ríspidas. As provocações ficaram a cargo das torcidas, especialmente a do Figueira, que fez questão de lembrar que o rival começou a partida na lanterna do Estadual. Resultado: Paulo Henrique de Godoy Bezerra teve muito trabalho para conter os nervos dos atletas na etapa inicial. Não por acaso três cartões amarelos foram distribuídos nos 15 primeiros minutos.
Sem Rivaldo, lesionado, Vinícius Eutrópio escalou Nem para ajudar Marcos Assunção no setor de marcação do meio de campo alvinegro. Pelo lado do Avaí, o interino Raul Cabral optou pela entrada de Diego Jardel na vaga de Betinho e adiantou Marquinhos, que teve liberdade para se aproximar de Roberto. E foi dos pés do camisa 10 avaiano, o mais provocado pela torcida rival, que surgiu o primeiro gol do jogo. Aos 12, o capitão do Leão cobrou falta na cabeça de Antônio Carlos, que subiu mais do que a zaga adversária e usou a cabeça para encobrir Volpi e fazer explodir a pequena torcida azul e branca no Scarpelli.
No lance seguinte, os alvinegros comemoraram como um gol a falta sofrida por Dudu na entrada da área. Mas a cobrança de Marcos Assunção, após muita demora e reclamação, parou na barreira, como em outras duas tentativas. O capitão do Figueirense, por sinal, esteve mais preocupado em evitar os contra-ataques do que em comandar o ataque. Este, por sua vez, também esteve longe de ser brilhante: Dudu e Éverton Santos pouco produziram e Lúcio Maranhão perdeu uma chance claríssima. Foram nas poucas aparições de Assunção na bola parada que o Figueira levou perigo: em uma delas, o zagueiro Marquinhos só não deixou tudo igual porque Diego Jardel tirou em cima da linha.
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Do outro lado, Roberto também foi pouco acionado, apesar de o Avaí ter nos contra-ataques em velocidade sua principal arma. Já Tinga e Bocão, esses estavam inspirados e azucrinaram a defesa adversária, mas as chegadas à linha de fundo quase sempre eram sucedidas por cruzamentos sem direção.
Futebol ou UFC? Confusão generalizada ofusca vitória avaiana
Na volta ao gramado, mais provocações. Desta vez o alvinegros levantaram os celulares para o alto como se segurassem lanternas para iluminar o estádio. Dentro de campo, o Figueirense também voltou mais “aceso” e não demorou a empatar. Aos 4 minutos, Éverton Santos acertou um chute de felicidade rara no ângulo esquerdo de Diego e saiu para o abraço. Festa da maioria no estádio, silêncio dos visitantes, e o clima quente estava mantido. E iria esquentar ainda mais nos minutos seguintes.
Aos 13, o que era um clássico de futebol bem jogado deu lugar a uma confusão generalizada. Começou com Eduardo Costa e Éverton Santos, que se desentenderam quando o árbitro anulou um gol do Figueirense. Depois a violência foi geral: empurrões e chutes para todos os lados, e a Polícia Militar foi obrigada a entrar em campo. Marquinhos acertou um soco em Éverton Santos e foi expulso, assim como o autor do gol alvinegro: “ele me deu um murro por trás”, esbravejou Éverton Santos enquanto era retirado de campo pelos seguranças do Figueirense. Eduardo Costa e Dudu também receberam o cartão vermelho e foram para o chuveiro mais cedo.
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Após nove minutos de paralisação, o jogo recomeçou com nove jogadores para cada lado. A essa altura, o Figueirense era melhor e parecia mais perto do segundo gol, mas quem marcou foi o Avaí. A dez minutos do fim, Revson cobrou falta e Tiago Volpi espalmou para o meio da área. Melhor para o estreante Paulo Sérgio, que apareceu sozinho para garantir a vitória avaiana e fazer a festa com a torcida azurra.
FIGUEIRENSE (1)
Tiago Volpi; Leandro Silva, Marquinhos, Thiago Heleno e Marquinhos Pedroso; Nem (Claiton), Marcos Assunção e Wesley (João Vitor); Dudu, Everton Santos e Lúcio Maranhão (Ciro).
Técnico: Vinícius Eutrópio
AVAÍ (2)
Diego; Bocão, Antonio Carlos, Bruno Maia e Eduardo Neto; Eduardo Costa, Tinga (Paulo Sérgio), Cléber Santana e Marquinhos; Roberto (Revson)e Diego Jardel
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Técnico: Raul Cabral
Gols: Antônio Carlos (A) aos 12 do 1º tempo e Paulo Sérgio aos 40 do 2º tempo; Everton Santos (F) aos 4 minutos do 2º tempo.
Amarelos: Thiago Heleno, Nem, Vitor Júnior e Marcos Assunção (F); Tinga, Antônio Carlos e Diego (A)
Vermelhos: Everton Santos e Dudu (F); Marquinhos e Eduardo Costa (A)
Local: estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis
Horário: 18h30min
Arbitragem: Paulo Henrique Bezerra, auxiliado por Kleber Lucio Gil e Neuza Ines Back.