Vinte anos se passaram, mas uma decisão entre Joinville e Chapecoense, com o segundo jogo sendo disputado no Oeste do Estado, reabre algumas feridas mal cicatrizadas no Tricolor. Isso porque, há exatamente duas décadas, os dois times se encontraram em uma polêmica final de Campeonato Catarinense, em um episódio que traz péssimas lembranças para jogadores e torcedores do JEC.
Continua depois da publicidade
Leia mais notícias sobre o JEC
Ao contrário do confronto deste ano, quando a maioria dos prognósticos aponta o Verdão como o campeão, foi o Tricolor que chegou com o favoritismo ao seu lado na finalíssima de 1996. No jogo de ida, no Ernestão, a vitória por 2 a 0 do JEC deu ainda mais vantagem para o time dirigido por Raffaele Graniti, que precisava de apenas um empate no Estádio Índio Condá para ficar com o troféu.
Confira a história do foguetório e tantas outras no eBook 40 Histórias Gloriosas
Continua depois da publicidade
A polêmica aconteceu horas antes do jogo, que seria disputado na tarde de sábado, 13 de julho daquele ano. Se o Joinville era o favorito, alguns torcedores do Alviverde tratariam de deixar as duas equipes em pé de igualdade na marra: a partir da meia-noite de sexta para sábado, um foguetório nas imediações do Hotel Bertaso – na região central de Chapecó, onde o JEC se hospedava – tirou a paz do Tricolor. Jogadores e comissão técnico não conseguiram dormir.
– Todo mundo foi para o corredor do hotel, tinha muita gente. Ficamos todos esperando aquilo passar. A maioria dos atletas não dormiu, foi direto para o café da manhã. Ninguém aguentaria dormir depois daquilo, pois foi muito pesado o foguetório – recorda o atacante Marcos Paulo, artilheiro daquele Catarinense pelo JEC.
As “cenas de guerra”, como muitas testemunhas definem aquele ato, duraram mais de três horas. A partir da meia-noite, como conta a matéria de “A Notícia” publicada em 14 de julho, as baterias de foguetes estouravam de dez em dez minutos. A partir das 2 horas, era de meia em meia hora. Uma funcionária do hotel chegou a ficar ferida por estilhaços de vidro.
Continua depois da publicidade
Por temer pela segurança física de seus atletas e preocupado com as condições emocionais do time, o presidente Vilson Florêncio decidiu, em acordo com diretores, comissão técnica e jogadores, não ir a campo naquele dia. Na manhã de sábado, a delegação entrou no ônibus e iniciou a viagem de volta a Joinville. Durante a tarde, o árbitro Dalmo Bozzano cumpriu os rituais da partida e declarou o JEC como equipe desistente. O caso foi parar nos tribunais.
Depois de correr nas instâncias da Justiça Desportiva, uma nova final foi marcada para 18 de dezembro. O Joinville já não era mais tão favorito quanto antes, o que ficou comprovado em campo. A Chapecoense venceu por 1 a 0 no tempo normal e repetiu o placar na prorrogação, confirmando a conquista do título.
Ao JEC, permanece, até hoje, a pergunta se aquele time poderia ser campeão se tivesse optado por jogar, apesar do cansaço. Uma dúvida que tem pouca importância. Para a história, ficou registrado que a Chapecoense é a verdadeira campeã daquele Estadual.
Continua depois da publicidade