Aquele cidadão brasileiro que se irrita com a profusão de propaganda política espalhada pelas ruas ficaria louco na Venezuela. Tudo, absolutamente tudo, está pintado, adesivado e emoldurado com publicidade eleitoral – mais do candidato oficialista, Hugo Chávez, mas também do seu oponente, Henrique Capriles.

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Tome-se como exemplo o presidente Chávez. A imagem dele em uniforme militar, camiseta vermelha e boina negra, copiada do ícone Che Guevara, está nos postes, muros, atrás das escrivaninhas de todas as repartições oficiais, nas paredes dos prédios do governo. Em tamanho gigante, feito um Godzilla. Ou em minúsculos buttons vendidos por centavos de dólar em barracas de camelô. No Boulevard Sabana Grande, reduto chavista situado no centro de Caracas (uma rua vetada a carros), um escritório do Ministério da Agricultura exibe estandartes e pinturas com o busto de Chávez em cada um dos andares, voltados para os pedestres.

Mais incisiva ainda é a propaganda nas Viviendas Venezuela, conjuntos habitacionais estilo Cohab que El Presidente espalhou pelo país. Apesar de privados, misturam anúncio de obras oficiais com a figura onipresente de Chávez, em imagens penduradas de alto a baixo nos prédios. Além de anunciarem que Chávez é o patrocinador da obra, lembram a todos (como se fosse possível esquecer) que ele quer continuar governando. Por um terceiro mandato.

Não que o oposicionista Henrique Capriles seja um santo. No sofisticado bairro de Las Mercedez, a principal avenida, a Rio de Janeiro, está com TODOS os postes e semáforos – TODOS – emoldurados com retratos de Capriles, sorriso-colgate no rosto barbeado, boné de beisebol na cabeça. Em alguns cartazes, não há dúvidas quanto à ideologia dos seus apoiadores: “Abaixo a esquerda inconsequente, chega de insegurança, vote Capriles para presidente”, apela o slogan.

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